São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Cem mil crianças estão sem família em Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Durante três meses de guerra civil e massacres, o conflito em Ruanda já separou mais de 100 mil crianças de suas famílias, segundo estimativa da ONU.
"Preferimos chamá-las de crianças separadas em vez de órfãos. Esperamos que muitas voltem às suas famílias", disse Chris Roys, representante de um programa de amparo a crianças no país.
Roys coordena o recolhimento de informações para tentar localizar os pais ou parentes das crianças. Ele acredita que o trabalho pode demorar até dez anos para ser concluído.
A escola francesa na capital de Ruanda, Kigali, se transformou em orfanato. O local atende quase 300 crianças e recebe entre cinco e seis novos hóspedes todos os dias.
"Frequentemente as pessoas trazem crianças que encontram perambulando nas ruas. Às vezes, as crianças vêm sozinhas", disse Marc Vaiter, que dirige o local.
As irmãs de Calcutá, por sua vez, cuidam de cerca de 300 crianças. Muitas vezes, elas são novas demais para saber como se chamam e as freiras lhes dão nomes.
Uma das freiras disse que algumas são procuradas por parentes e, ocasionalmente, recolhidas no local pela mãe.
"Mas não temos visto pais. Acreditamos que a maioria deles foi morta", disse.
Os orfanatos em Kigali têm problemas de superlotação, além da falta de suprimentos de água e eletricidade. A comida é escassa e brinquedos são raridade.
Há também um grande número de órfãos e crianças desacompanhadas entre os refugiados ruandeses que estão em campos no Zaire, muitos deles atingidos pela epidemia de cólera.
Algumas crianças foram retiradas de Ruanda em abril e seguiram para diversas capitais européias.
"Ir da África para um ambiente estranho é uma coisa traumática. O melhor seria que eles estivessem em sua própria comunidade", afirmou Chris Roys.

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