São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Violência étnica mata 200 pessoas no Burundi

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 200 pessoas morreram nos últimos dias em conflitos entre tutsis e hutus no Burundi, segundo a Rádio Burundi. O país tem a mesma composição étnica e é vizinho de Ruanda.
O número de mortos pode ser ser bem maior, segundo um diplomata ouvido pela agência "France Presse" em Nairóbi (Quênia).
Segundo ele, o conflito entre hutus e tutsis matou 1.650 pessoas nos últimos dias em disputas de terras.
A "France Presse" diz que houve novos enfrentamentos ontem na capital, Bujumbura, e em outras regiões do país, mas não havia estimativa de mortos.
Os conflitos seriam uma tentativa dos tutsis de recuperar terras ocupadas por hutus em outubro de 93, depois que golpistas mataram o presidente Melchior Ndadaye.
Nos combates que se seguiram ao assassinato de Ndadaye, o primeiro presidente hutu do Burundi, morreram mais de 50 mil pessoas.
O governo interino enviou tropas ao noroeste do país no início da semana para reprimir a violência perto de campos de refugiados ruandeses.
O Conselho de Segurança da ONU condenou ontem a ação de "elementos extremistas" no Burundi e pediu o fim do incitamento "à violência e à xenofobia".
Em um comunicado apresentado ontem, o Conselho pediu a continuação de negociações para a escolha de um novo presidente.
O presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, morreu em 6 de abril deste ano, no mesmo atentado que matou o presidente de Ruanda, Juvenal Habyarimana, e desencadeou a guerra civil no país vizinho. Os dois eram hutus.
Acredita-se que a vitória da etnia em Ruanda tenha levado ao aumento das reivindicações de poder dos tutsis locais. Eles são minoria, mas controlam o Exército.

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