São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Governo tenta separar gabinete e empresas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi decidiu desfazer sua ligação com o império econômico que construiu enquanto estiver na política.
Acusado de conflito de interesses no episódio que culminou com a prisão preventiva de seu irmão, Berlusconi enviou ao Parlamento projeto de lei que cria um comitê para supervisionar suas empresas.
O projeto prevê que cinco pessoas integrem o comitê. Um seria nomeado pelo presidente da República. Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado nomeariam outros dois.
O órgão do governo que fiscaliza a formação de trustes e o que fiscaliza a mídia nomeariam os restantes.
As empresas seriam administradas por um curador escolhido por Berlusconi e que prestaria contas de sua atividade ao comitê.
Depois de emitida a ordem de prisão contra pessoal do Fininvest no final da semana passada, Berlusconi se reuniu, no domingo, com membros do governo e da direção do grupo.
Ele disse que foi uma reunião de amigos mas as críticas que recebeu lançaram até rumores de que ele iria renunciar.
Berlusconi disse que a medida de ontem é necessária para que ele possa continuar no governo. "Assumi este cargo para realizar grandes mudanças, sou o único que pode mover a Itália nessa direção".
Pesquisa publicada ontem pelo jornal "La Voce", revelou que 59% dos italianos acha que Berlusconi não deve renunciar.
O presidente Oscar Luigi Scalfaro elogiou sua iniciativa mas disse que ela é inconstitucional. "A hipótese de nomeações confiadas ao presidente não é aceitável."
A oposição criticou a medida do primeiro-ministro.
"Berlusconi deveria renunciar porque essa engenharia anormal de garantias para mantê-lo no cargo nos cobre de ridículo diante dos países de todo o mundo", disse Gianni Mattioli, deputado do Partido Verde.

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