São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Irmão de Berlusconi se entrega e vai para casa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Paolo Berlusconi, irmão do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, se entregou ontem à Justiça em Milão.
Depois de nove horas de depoimento ao juiz Antonio Di Pietro, Paolo foi para casa onde está sob prisão domiciliar.
Ele teve prisão preventiva decretada sob acusação de subornar agentes da receita que fiscalizavam o Fininvest, que controla o império econômico de Berlusconi.
Segundo o advogado de Paolo, ele declarou ao juiz que se sente mais como vítima do que como criminoso.
Ele admitiu ter pago US$ 208 milhões aos fiscais da receita por três das empresas do grupo: Videotime, Seguros Mediolanum e editora Mondadori. Paolo alega, no entanto, que os fiscais extorquiram o dinheiro.
A denúncia havia sido feita por Salvatore Sciascia, diretor fiscal do Fininvest. Sciascia foi preso no início da semana e confessou ter pago propina por ordem de Paolo.
É a segunda vez que Paolo Berlusconi é preso. Em fevereiro ele esteve detido por quatro dias.
Na ocasião ele foi interrogado pela Guarda das Finanças (a receita federal italiana, que tem poder de polícia). Agora ele é acusado de subornar essa mesma guarda.
A Operação Mãos Limpas começou a mudar seu foco do financiamento ilegal de partidos para o pagamento de propinas por empresas à receita.
No último mês, cem ordens de prisão preventivas foram emitidas contra suspeitos de pagar ou receber esse tipo de suborno.
Analistas acham que isso vai levar ao envolvimento de milhares de empresas. Políticos, empresários, membros do governo e economistas acham que é impossível para uma empresa pagar todos os impostos que a lei determina e que o suborno é usado como solução.
"O sistema funcionou assim por 50 anos mas não podemos começar a pôr todo mundo na cadeia", disse Sergio Ricossa, professor de economia da Universidade de Turim. "A única coisa que podemos fazer é mudar as leis".

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