São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Para aliados, candidatura dura até setembro

GILBERTO DIMENSTEIN ; JOSIAS DE SOUZA ; RAQUEL ULHÔA ; GABRIELA WOLTHERS

GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
Apesar do otimismo que manifesta em suas aparições públicas, o candidato do PMDB à Presidência, Orestes Quércia, começa a dar os primeiros sinais de fraqueza.
Alguns de seus auxiliares mais próximos já não consideram absurda a hipótese de sua renúncia.
Reservadamente, o próprio Quércia reconhece que sua situação eleitoral pode se complicar ainda mais.
Seu maior receio é de que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) aceite hoje denúncia que o acusa do crime de estelionato.
Mas, ainda que a denúncia não seja aceita, hipótese que ontem era considerada remota, avalia-se à volta de Quércia que sua candidatura não passaria de setembro.
Suposto aliado de Quércia, o governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury, trabalha com a hipótese de renúncia do candidato.
Pelos bastidores, Fleury já enviou sinais ao candidato Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, de que vai apoiá-lo, talvez antes do segundo turno.
A estratégia de Quércia está baseada no horário eleitoral gratuito. Ele tenta acalmar correligionários, garantindo que, como em eleições passadas, provocaria uma reviravolta na televisão.
Quércia conta com uma reação nas pesquisas a partir de setembro. Se até lá os índices se mantiveram inalterados, analisaria a possibilidade de deixar a disputa.
O calendário pessoal de Quércia pode ser atropelado pela decisão do STJ. Se o processo for arquivado, o candidato avalia que há espaço para continuar na disputa, pelo menos até setembro.
A renúncia de Quércia já é temida até mesmo por integrantes da assessoria de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT.
Teme-se no PT que a adesão de importantes estrelas do PMDB acabem por consolidar a posição eleitoral de Fernando Henrique Cardoso, hoje o principal adversário de Lula.
Há dois políticos em especial que Lula gostaria de ter ao seu lado: Antônio Britto, candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, e Pedro Simon, líder do governo no Senado.
Gaúchos
O PMDB gaúcho só espera a decisão do STJ para anunciar seu apoio a FHC. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos líderes da dissidência gaúcha, havia marcado para ontem um encontro com FHC em seu comitê central de campanha, em Brasília, mas adiou para a próxima semana.
Se a denúncia for acatada, ele terá mais argumentos para abandonar definitivamente Quércia.

Colaboraram JOSIAS DE SOUZA, RAQUEL ULHÔA e GABRIELA WOLTHERS, da Sucursal de Brasília

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