São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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'Ele e Ela' é melodrama romântico com um verniz intelectual francês

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Ele e Ela (Deux)
Produção: França, 1992
Direção: Claude Zidi
Elenco: Gérard Depardieu, Maruschka Detmers, Michele Goddet, Philippe Leroy-Beaulieu
Onde: a partir de hoje no cine Belas Artes, sala Carmen Miranda
Godard costuma dizer, contra a televisão, que ela não comporta o silêncio. O mesmo se pode afirmar do grosso do cinema francês contemporâneo, especialmente quando se trata de melodramas sentimentais com verniz intelectual, como é o caso deste "Ele e Ela".
A história, no começo, lembra um pouco "O Último Tango em Paris": Marc (Depardieu), um músico erudito bem-sucedido (puxa, que sofisticação!), conhece Hélène (Maruschka Detmers), uma refinada corretora de imóveis caros, e os dois fazem sexo selvagem (que loucura!) num casarão vazio de Paris.
A atração entre os dois impõe a Marc uma decisão importante: "assumir a relação" com Hélène ou manter a liberdade, o descompromisso e a irresponsabilidade de solteiro e garanhão.
Num caso de amor em que, a rigor, não há nenhum drama ou obstáculo sério (os dois são livres, ricos, inteligentes etc.), o diretor se empenha em tentar transformar as frescuras e picuinhas dos dois em grandes problemas existenciais.
Na tentativa de conferir "densidade psicológica" à situação, faz os atores dizerem diálogos tão bobos quanto intermináveis.
No mais, a imagem é de fotografia publicitária e a narração é convencional e previsível –por mais que o roteiro se contorça forjando surpresinhas e falsas reviravoltas.
A partir de certo momento, a única coisa capaz de manter o espectador acordado é a expectativa de ver Maruschka Detmers nua –o que, infelizmente, não acontece nunca. Em vez disso, tome jantares em restaurantes chiques, ao som do pior muzak e de dissertações "modernas" sobre o ciúme, a família, a liberdade individual. Como falam esses franceses.
Em tempo: as revistas francesas a-do-ra-ram.

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