São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Iugoslávia rompe com os sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A governo da Iugoslávia, formada por Sérvia e Montenegro, anunciou ontem o rompimento de todos os vínculos políticos e econômicos com os sérvios da Bósnia.
A medida é uma resposta à rejeição pelos sérvios ao plano de paz internacional para a região.
A Sérvia é considerada a principal fonte de armas e dinheiro para os sérvios da Bósnia.
A Iugoslávia anunciou o fechamento de suas fronteiras com a região sob controle sérvio e o bloqueio do acesso de líderes sérvios da Bósnia ao país. Só passarão na fronteira suprimentos e remédios.
O autoproclamado Parlamento sérvio da Bósnia decidiu anteontem rejeitar o plano de paz elaborado por Estados Unidos, Rússia e União Européia e convocar um plebiscito para decidir a questão.
Em uma carta redigida anteontem, a assembléia dos sérvios da Bósnia afirma estar sendo "insultada e entristecida" por desafios do governo sérvio.
O plebiscito, marcado para os dias 27 e 28 deste mês, é considerado uma tentativa dos sérvios de ganhar tempo.
Em maio do ano passado, uma consulta popular rejeitou por ampla maioria um plano de paz apresentado anteriormente.
Após a decisão do Parlamento, o líder sérvio Radovan Karadzic disse que seu povo deve agora se preparar para mais guerra e isolamento.
O plano de paz propõe a destinação de 49% do território bósnio para sérvios e 51% para croatas e muçulmanos. O sérvios controlam atualmente cerca de 70% do país.
O rompimento de relações é considerado uma reação do presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, à ameaça da ONU de aumentar as sanções contra a Iugoslávia caso o plano não fosse aceito.
A ONU também ameaçou levantar o embargo de armas internacional na Bósnia, caso o plano não fosse aprovado.
Um grupo de diplomatas islâmicos disse em Genebra que seus países poderão suprir com armas as forças muçulmanas na Bósnia caso o embargo internacional de armas não seja suspenso.
Economistas e diplomatas ocidentais estimam que entre 5% e 20% do PIB (Produto Interno Bruto) da Iugoslávia seja gasto com apoio financeiro e militar aos sérvios da Bósnia.
Autoridades ocidentais apoiaram o rompimento, mas não sabem se o bloqueio será cumprido.
"Este é um bom passo, mas ações são mais importantes do que palavras", disse a porta-voz da Casa Branca, Dee Dee Myers.
O chefe de gabinete da Casa Branca, Leon Panetta, disse à rede de televisão CNN, que os EUA podem decidir unilateralmente pela anulação do embargo de venda de armas à Bósnia.

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