São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994
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PL obriga Flávio Rocha a renunciar

GUTEMBERG DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PL enterrou ontem sua candidatura à Presidência da República. Flávio Rocha ainda poderá usar o horário gratuito até quarta-feira. Depois, o partido estará livre para aderir a Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ao final da reunião de mais de duas horas da Executiva nacional, o líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), resumiu a decisão em relação à campanha à Presidência da República: "A candidatura do PL não existe mais."
Rocha deve renunciar esta semana, em consequência da revelação, pela Folha, de que sua campanha estava vendendo bônus eleitorais com deságio de 50%, o que é irregular.
O prazo até quarta foi concedido pela Executiva Nacional do PL para que o candidato possa se defender das acusações de irregularidades na campanha.
Com a saída de Rocha, cairá para oito o número de candidatos ao Planalto. O mais provável é que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) redistribua para os demais candidatos o tempo de 1min48s que Rocha detinha no horário gratuito.
Rocha perde também a chance de disputar a reeleição para deputado. O prazo para substituição de candidatos nas eleições proporcionais terminou no dia 4.
Em reunião realizada ontem com a direção do PL, Flávio Rocha chegou a admitir a idéia de uma renúncia imediata, como era exigido pelos demais membros da Comissão Executiva.
Rocha começou a reunião alegando inocência e disposto a resistir. Só foi demovido quando soube que seu vice, Jadihel Loredo, havia distribuído cópias de uma carta-renúncia.
Loredo já chegou à reunião avisando que não continuaria na chapa com Rocha. A carta distribuída aos jornalistas tinha data da véspera, 6 de agosto.
A estratégia foi montada pelo presidente do partido, deputado Álvaro Valle (RJ), um dos que defendiam a saída de Rocha. Bastaria a Executiva não indicar novo vice para que a chapa ficasse juridicamente inviável.
Valle disse que a situação estará oficialmente resolvida na quarta-feira. Ele justificou o prazo alegando que é preciso esperar uma decisão do TSE sobre a prestação de contas do candidato.
"Mas isso não encerra o problema político", afirmou o presidente do PL. "A defesa dele é convincente, mas, como no caso da mulher de César, não basta ser honesto. Tem que parecer."
Os dirigentes do PL já estão discutindo a quem dar apoio nessas eleições. Sem Rocha, não devem indicar outro candidato próprio.
Costa Neto disse que no interior de São Paulo há alguma preferência por Orestes Quércia (PMDB), mas que a maior simpatia no PL é por Fernando Henrique.

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