São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994 |
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"Dream Team"
JOSIAS DE SOUZA
Fernando Henrique adotou, na última sexta-feira, a fórmula mais prudente. Referindo-se a ele próprio e a Lula, disse: "Um de nós dois será o próximo presidente". Admita-se, em respeito à lógica e para efeito de raciocínio, que Fernando Henrique tem razão. Neste caso, há algo que já se pode declarar. Seja qual for o resultado da eleição, PT e PSDB terão de se entender a partir de 95. Sob pena de impedirem que o país tenha, depois dos últimos desgovernos, uma administração decente. O PT pode inviabilizar um eventual governo do PSDB. Ainda que em menor escala, o PSDB também pode dificultar uma gestão petista. Os dois partidos são, no atual estágio de nossa história, forças complementares. Os tucanos emprestariam ao PT o black-tie para entrar na festa. Um traje que Lula não achará no guarda-roupa do PC do B. A companhia do PT impediria que, ao deixarem o baile de mãos dadas com o PFL, os tucanos fossem linchados pela multidão de "excluídos sociais". Com alguma sorte, o PT elevará sua representação no Congresso para cerca de cem parlamentares. Se chegar a tanto, terá praticamente triplicado a sua bancada. E ainda não terá tropa para entrar na guerra. Com melhor tráfego no Congresso, o PSDB não tem um mísero sindicato que lhe seja simpático. Terá dificuldades de diálogo com a própria máquina estatal, hoje integralmente controlada pela CUT. Se eleito, Fernando Henrique tem dois caminhos para dimensionar a confusão que o aguarda. Pode discar para a CUT (Central Única dos Trabalhadores) ou simplesmente consultar os arquivos da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos. Nos dois lugares encontrará os mesmos dados: dos 2.235 sindicatos filiados à CUT, 522 representam servidores públicos, incluindo professores e médicos. O braço sindical do PT está hoje abraçado ao Estado. Texto Anterior: FHC usa estilo neopopular no Ceará Próximo Texto: Quércia passa a criticar adversários na TV Índice |
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