São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994 |
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FHC usa estilo neopopular no Ceará
FERNANDO RODRIGUES
Em campanha no Ceará, Fernando Henrique passou o sábado inteiro em contato direto com eleitores locais. FHC aproveitou o alto índice de aprovação do candidato do PSDB ao governo do Ceará, Tasso Jereissati, e passou a manhã de sábado em uma feira-livre. Tasso tem a preferência de mais de 60% dos eleitores, segundo o Datafolha. A Folha acompanhou a caminhada, na cidade de Cascavel (70km a leste de Fortaleza). Foi a primeira vez que FHC visitava Cascavel. Sem constrangimento, o candidato tucano cumprimentava o máximo de pessoas que apareciam na sua frente. Entrou no Bar do Nel e pediu uma água mineral. Saiu sem pagar. "Não tem problema", disse Manoel do Nascimento, dono do bar. Na calçada, FHC comprou um doce-de-leite. Um assessor pagou a conta, de R$ 0,50. Bem humorado, o candidato dividiu o doce com Jereissati para agradar os fotógrafos presentes no local. Fernando Henrique nega que tenha mudado seu comportamento. No Ceará, sempre que o assunto aparecia, tinha uma frase feita. "O povo está comigo. As elites votam no Lula. Agora eu estou precisando conseguir ganhar os votos da elite, porque o povo está comigo", disse FHC. A palavra "povo" é recorrente nos discursos de Fernando Henrique em campanha. Outra palavra presente com frequência é o nome da moeda do país, o "real". "Todos estão aprovando o real. Não ouvi reclamações quando estive nas ruas", disse o candidato. Desconhecido no interior do Ceará, Fernando Henrique é chamado em faixas de Fernando Cardoso. Ou como o "homem do real". Reclamações o candidato não ouviu. Só pedidos. "Só não quero que o sr. tire o real", disse Tereza Pacheco, 32, de Cascavel. O pedido apareceu em todos os lugares que FHC ia. "Pode deixar, pode deixar. Mas precisamos de vocês", repetia Fernando Henrique. No palanque no sábado à noite, em Fortaleza, Fernando Henrique continuava com o tênis preto, da marca Reebok, que adotou nesta viagem. Falou por oito minutos. Para dizer que o Plano Real teria interrompido o ganho fácil dos especuladores, disse: "Os especuladores, que usam o capital financeiro, nos bancos, que ganharam a vida inteira e nunca ninguém teve condição e coragem para quebrar a espinha dessa gente. E nós quebramos essa espinha." Às vezes, tem uma sofisticação de difícil acesso para os eleitores. Tentou fazer uma piada com a música de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conhecida como "Sem medo de ser feliz". "...Fazer de novo um Brasil em que valha a pena viver nele. Um Brasil que, para ser feliz, não precisa ter nenhum slogan porque o medo nem aparece no horizonte." Ninguém riu da menção de FHC ao adversário Lula. Segundo os organizadores, havia entre 20 mil e 25 mil pessoas. A polícia não fez avaliação do público. Texto Anterior: Apóstolos da mesma Bíblia Próximo Texto: "Dream Team" Índice |
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