São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994
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O Brasil mais velho

PAULO DE MARTINO JANNUZZI

Os dados preliminares do censo demográfico de 1991 revelam que a população brasileira passou por significativas mudanças demográficas na última década. A inflexão no volume anual de nascimentos, as mudanças na estrutura etária e o novo padrão de urbanização da população são algumas das transformações que podem ser antevistas com as informações disponíveis.
Pela primeira vez nos últimos 50 anos, o volume de nascimentos começou a diminuir em termos absolutos. Em termos relativos, esse processo remonta a meados dos anos 60, época em que houve uma significativa mudança do comportamento reprodutivo das famílias brasileiras, como reflexo da progressiva escolarização, urbanização, ingresso da mulher no mercado de trabalho, da disseminação do uso dos meios anticoncepcionais, difusão de novos padrões de família e de consumo e aumento da prática de abortos induzidos.
Nos anos 90, estima-se que a população brasileira esteja crescendo a um ritmo de 1,6% ao ano, 10% menor que a média dos anos 80 e quase metade da taxa de crescimento médio anual da década de 1950.
Com isso, a população brasileira não atingirá, no ano 2000, os 212 milhões de pessoas previstos nos anos 70, mas uma cifra 20% menor. Além disso, a estrutura etária começa a adquirir uma configuração bem diferente da prevalecente até os anos 70.
Em 1970, os menores de 15 anos representavam 43% da população. Em 1991, esse mesmo grupo passou a representar 35% da população. Em contrapartida, o peso relativo das pessoas de 65 anos ou mais passou de 3% para 5% no mesmo período.
Consolidando as tendências das décadas passadas, o Censo 91 revela um país com cerca de 75% da população residindo em áreas urbanas. Mas, diferentemente do passado, houve uma inflexão na tendência de concentração espacial da população brasileira nos grandes centros.
Como consequência da crise dos anos 80 e da interiorização do desenvolvimento econômico, os movimentos migratórios em direção aos grandes centros diminuíram, dirigindo-se a cidades mais próximas e médias do interior do território nacional.
Naturalmente, tais mudanças se processaram com diferentes intensidades pelo território. Mas, para apontar as especificidades regionais, precisamos analisar com maior profundidade os dados do censo que acabam de ser divulgados.

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