São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Alta da lã anima os criadores de ovinos

SÉRGIO PRADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os criadores de ovinos de lã do Rio Grande do Sul têm motivos de sobra para apostar que este será o ano da retomada do crescimento da atividade.
Nesta safra, o preço da lã merina no mercado internacional, em queda desde o início da década, subiu de US$ 1,20 para US$ 2,70 em média.
A inesperada valorização da lã tem duas explicações. Grandes consumidores como Rússia, Japão e China voltaram a importar e o governo australiano congelou seu estoque de 800 milhões de quilos.
"De agora em diante a preferência será pela lã nova, o que representa ganhos maiores aos produtores nacionais", afirma Glênio João Prudente, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco).
Com uma produção anual estimada entre 18 e 20 milhões de quilos por ano, segundo dados da Federação das Cooperativas de Lã (Fecolã), os gaúchos são os maiores beneficiados.
Cláudio Hausen de Souza, gerente da Fecolã, estima que os ovinicultores do Rio Grande do Sul respondem por quase 95% da oferta de lã no país.
Segundo ele, existem hoje cerca de 6 milhões de ovinos de lã no RS e 1 milhão fora do Estado.
Já a estimativa da Arco, que inclui o rebanho de corte, aponta 8 milhões de animais no Estado e 14 milhões no país.
É um plantel modesto se comparado com Argentina e Uruguai, que possuem em torno de 25,5 milhões de cabeças cada um.
O rebanho de ovinos no Brasil já foi bem maior. No início dos anos 80, o país chegou a ter 20 milhões de animais, segundo o presidente da Arco.
Apenas no Rio Grande do Sul havia perto de 12 milhões de cabeças, criadas em grandes fazendas junto com o gado.
A derrocada começou em 91, quando o preço do quilo da lã despencou de US$ 6 para US$ 3 e não parou mais de cair.
Foi o período em que Rússia, Japão e China pararam de comprar e a Austrália teimava em colocar seus estoques no mercado.
Na mesma época ocorreu uma corrida da indústria rumo à fibra sintética.
"Isto obrigou os pecuaristas a reduzirem seus rebanhos", diz Prudente.
Para ele, os preços da lã devem subir ainda mais em 95, melhorando a rentabilidade do setor.

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