São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Muito além do jardim

Candidato à Presidência da República no final da década de 50, Adhemar de Barros dedicava horas de seu tempo a receber em sua residência paulistana amigos, correligionários, lideranças regionais e cabos eleitorais em geral.
Assim que um grupo deixava a casa, logo entrava outro.
Nessa época, quase diariamente, Adhemar reclamava com o jardineiro:
– A grama está ruim, Ângelo. Está muito feia!
E Ângelo explicava:
– Mas, doutor Adhemar, com esse pessoal todo pisando não há grama que aguente.
Mesmo assim, Adhemar mandava replantar. E, depois de mais alguns dias, invariavelmente acontecia nova discussão.
O tempo passou e veio a derrota na eleição presidencial. Adhemar perdeu espaço como liderança política e a casa parou de receber aquela gente toda.
Um dia, Adhemar de Barros Filho comentava com o pai como as coisas haviam mudado. Depois de alguns momentos, deu o argumento definitivo ao pai:
– Veja só há quanto tempo o senhor não briga com o Ângelo!

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