São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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PFL muda para ter o poder, diz Ruth

FERNANDO DE BARROS E SILVA ; EDNA DANTAS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

EDNA DANTAS
A antropóloga Ruth Cardoso, mulher de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), disse ontem que o PFL mudou "não porque é bonzinho, mas porque perdeu poder". Segundo ela, "eles (o PFL) perceberam que não dava para fazer tudo na base da fisiologia".
A declaração foi feita durante jantar para cerca de 150 mulheres em apoio à candidatura de FHC na casa da terapeuta Ana Sharp, autora do curso de aperfeiçoamento pessoal intitulado "mundo real".
Ruth, que evitou comentar a aliança entre PSDB e PFL em sua fala incial, foi provocada a tocar no assunto pela jornalista Leilane Neubarth, da Rede Globo, que participou como convidada.
Em sua intervenção, Leilane perguntou à antropóloga se o PFL não estaria "usando o prestígio de FHC para chegar ao poder mais uma vez".
A resposta de Ruth deixou claro, mais uma vez, que ela faz restrições à união dos tucanos com o PFL, mas que tem evitado as críticas diretas à aliança para não atrapalhar a campanha do marido.
Ontem, como vem fazendo regularmente em seus encontros com mulheres, Ruth voltou a identificar a candidatura de FHC com as teses da social-democracia.
À tarde, durante um chá oferecido por Dalva Gasparian, mulher do empresário e ex-deputado Fernando Gasparian, Ruth disse diante de cerca de cem mulheres, na maioria socialites cariocas, que o principal desafio do próximo governo será o "resgate da dívida social no Brasil".
Usando jargão acadêmico, a antropóloga disse que "tanto um Estado mínimo, como querem os liberais, como um Estado forte demais são inviáveis para resolver os problemas do desemprego, da falta de saúde e do baixo salário-mínimo". Repetiu o discurso à noite.
Na presença da atriz Ruth Escobar, a mulher de FHC afirmou que "a campanha não é para denegrir o adversário".
Na semana passada, em um encontro do mesmo tipo em São Paulo, Escobar havia dito que as eleições este ano estariam sendo disputadas entre Jean-Paul Sartre (FHC) e um encanador (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT).
Ruth Cardoso não quis comentar a declaração. "Eu acho que este assunto já foi discutido. Foi ela que falou", afirmou.
Já Escobar, numa espécie de mea culpa, afirmou: "Eu sempre fui meio exibida. Às vezes falo mesmo besteira".

Participaram dos dois encontros no Rio, entre outras: Regina Marcondes Ferraz (socialite), Baby Consuelo (cantora), Leiloca (astróloga), Cookie Richers (mulher de Herbert Richers), Teresinha Amorim (mulher do presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Antônio Carlos Amorim), Maria Lúcia Magalhãs Pinto (nora de FHC), Maria José Magalhães Pinto, Maria Vitória de Botton (da Mesbla), Léa Klabin, Cristina Motta Veiga e as atrizes Eva Wilma e Rosamaria Murtinho, a cineasta Tizuka Yamazaki, a cientista política Aspásia Camargo, a socióloga Celina do Amaral Peixoto, e a economista Clarice Pechman.

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