São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Cerco ao real

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No rádio e televisão, no Jornal Bandeirantes, por exemplo, FHC saiu dizendo ontem que a crise da isonomia salarial é "detalhe". Que não tem a proporção que vem sendo dada. E que ele, FHC, não viu nenhuma crítica do presidente ao ministro da Fazenda.
O tucano busca evitar desgaste para o real. Um desgaste que mal começou e já está levando todos os candidatos a afiarem os dentes. Além de Leonel Brizola e de Lula, que voltaram ao ataque, ontem no horário eleitoral, agora apareceu também Esperidião Amin.
Eles jogam, entre outros, com os efeitos do real sobre a saúde. Foi o alvo de Lula e Amin, ontem. Brizola escolheu os preços. E eles todos citam os salários.
A resposta veio logo, não pelo programa de Fernando Henrique, mas pelo Jornal Nacional. Sempre com ele, Alexandre Garcia:
– O presidente acha necessária a isonomia, mas diz que não vai permitir, de forma alguma, que haja prejuízos ao real.
E mais, como bônus eleitoral, vem aí o novo salário-mínimo. Foi a primeira manchete, retumbante, do Jornal Nacional. O porta-voz Alexandre Garcia afirmou depois –explicando que foi o possível– que o mínimo vai a R$ 70.
Só serve de bônus, mesmo.
PFL do bem
Fernando Henrique acusou o golpe que foi a entrada do novo vice, Marco Maciel. Ontem, no horário eleitoral, o tucano desfilou fotos dos políticos que o apóiam. Em primeiro plano, o pefelista Gustavo Krause. É para provar que não é só de Maciel e ACM que é feito o PFL.
Muito longo
Nem os candidatos aguentam mais o horário eleitoral. Ontem no SBT, no Programa Livre, FHC saiu-se com esta:
– Houve um exagero no Brasil de ter um programa muito longo. Vi uma vez e não consegui seguir aquela repetição de propaganda. Podíamos ter um sistema menos avassalador. Não precisava tanto. É uma overdose, para quem vê e para quem faz. Os programas são cansativos. Estou rouco.
A culpa, claro, não seria dele –nem de seus colegas de PSDB, Mário Covas e José Serra– mas do Congresso todo:
– Existe uma visão errada no Congresso a respeito do efeito desta maquininha, a televisão. Uma visão de que basta aparecer que todo mundo vai ter voto. É um perigo. A televisão é uma máquina que pega você lá dentro. Você às vezes aparece e perde o voto. É preciso ter o que dizer –e não é dizer só com palavras. As pessoas sentem o que você diz.
Como se vê, FHC e os tucanos aprenderam muito sobre televisão e política, desde 89.

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