São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Caminhão capota e mata 14 romeiros na BA

SUZANA PEREIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Catorze romeiros morreram anteontem, em um acidente envolvendo um caminhão transportando dezenas de pessoas que voltavam da peregrinação à gruta de Bom Jesus da Lapa, no oeste do Estado da Bahia.
O choque também envolveu um Gol. O motorista do carro ficou gravemente ferido.
O hospital Cristo Redentor, de Itapetinga (BA), onde ocorreu o acidente, atendeu 45 pessoas. Nove delas continuavam internadas ontem, mas já não corriam risco de vida.
Havia três crianças entre os mortos, segundo o diretor do hospital Cristo Redentor, Sergio Antonio Guimarães.
O acidente aconteceu às 18h de domingo, no quilômetro 35 da BA-670, que liga Itapetinga a Potiraguá, no sudoeste do Estado.
O caminhão já havia percorrido 490 quilômetros de viagem desde Bom Jesus da Lapa quando ocorreu o acidente em Itapetinga. Ele ia para Itamaraju, cidade onde moravam a maioria dos romeiros, no sul do Estado.
Choque na curva
Com o impacto do choque, o caminhão desceu desgovernado por cerca de 150 metros e capotou, causando a morte imediata dos 14 romeiros.
O motorista do Gol, Mário Barbosa da Silva Filho, sofreu traumatismo no tórax e foi transferido ontem para São Paulo, em estado grave.
As vítimas do acidente foram enterradas ontem, no cemitério de Itamaraju.
"Pau-de-arara"
O inspetor de polícia de Itapetinga, Aldemir Alves da Silva, afirmou que o caminhão de romeiros era um "pau-de-arara" –veículo sem condições de segurança, conhecido pelo transporte de migrantes nordestinos para as regiões Sul e Sudeste.
Os romeiros viajavam na parte traseira do caminhão e eram protegidos somente por uma lona.
A romaria à cidade de Bom Jesus da Lapa completou este ano 302 anos de existência. Entre julho e outubro, perto de 500 mil romeiros participam da peregrinação religiosa, considerada uma das mais tradicionais da Bahia.
Para chegar à gruta onde fica a imagem do Bom Jesus da Lapa, os romeiros geralmente se submetem a viagens desconfortáveis e arriscadas. A maioria viaja em "paus-de-arara" como o acidentado anteontem.

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