São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Kumon 'desmitifica' a matemática

DA REPORTAGEM LOCAL

A matemática ainda é o "bicho de sete cabeças" para grande parte dos estudantes do 1.º e 2.º graus.
As maiores dificuldades costumam aparecer a partir da 7ª série, segundo o professor Mário Abbondati, do Colégio Bandeirantes, no Paraíso (zona sul de São Paulo).
"É nesta série que começa de fato a álgebra (parte da matemática que mistura números e letras, as incógnitas)", diz Abbondati.
A estudante Fabiula Ganaro, 18, que faz o 4.º ano magistério no Colégio São Miguel Arcanjo (Vila Zelina, zona oeste de São Paulo), afirma que tirava notas boas até chegar à 6.ª série, quando ficou de recuperação –no ano seguinte foi a mesma coisa.
A saída para alguns é procurar professores particulares. É cada vez maior o número, também, dos que procuram aulas de Kumon, como fez Fabiula.
O método complementa a escola e foi inventado em 1954 por um professor de matemática japonês, Toru Kumon, que visitou o Brasil na semana passada.
Ele quis superar as dificuldades de matemática do filho –hoje o presidente da empresa, que tem dois milhões de alunos no mundo e 38.700 no Brasil, o dobro do que tinha há seis meses.
Não tem muito segredo: o aluno faz uma grande quantidade de exercícios simples para seu nível. Só passa à etapa seguinte quando pode acertar 100% –e não os 50% suficientes na escola.
Todos passam por uma avaliação no início do curso. Muitas vezes é necessário voltar bem para trás, até onde se consegue fazer tudo com facilidade.
"Estava na 8ª série e passei a fazer só continhas de somar", diz Fabiula Genaro. Hoje, ela tem desenvoltura para trabalhar com senos, cossenos e outros conceitos de trigonometria. Está no estágio L, três antes do último (no qual se aprende derivada e integral) e não tem mais medo da matemática.
Não existe propriamente aula no Kumon: duas vezes por semana, o aluno faz os exercícios do Kumon perto da orientadora (em geral a dona de uma das 710 franquias espalhadas pelo Brasil).
O curso custa R$ 30 por mês e inclui calhamaços de exercícios, para os quais deve-se dedicar diariamente pelo menos 15 minutos. Todos os dias da semana, mesmo nas férias sábado e domingo.
O professor Abbondati aprova o método. "Os alunos que o praticam têm facilidade de cálculo".
Já para o professor Ruy Pietropaulo, 40, da equipe de matemática da CENP (Coordenadoria de Normas Pedagógicas) o Kumon falha pelo mecanicismo. "Hoje as pessoas têm calculadoras à disposição, não precisam disso."
Ele tenta convencer os professores da rede estadual de que os alunos devem ser capazes de aplicar a matemática à vida cotidiana e fazer contas por aproximação.
O chefe do setor estatístico do Kumon, Gustavo Frachia, 32, não vê problemas nessas idéias. "Nossos alunos também devem fazer a conta aproximada antes do cálculo. A meta do Kumon é a compreensão. A velocidade de cálculo é uma consequência", diz.

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