São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Rolando vira o cestinha do time brasileiro no Mundial

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A HAMILTON

Rolando virao cestinha dotime brasileirono Mundial
O brasileiro Rolando Ferreira Júnior deu a volta por cima. Domingo, contra o "Dream Team 2" (Time dos Sonhos 2), a seleção dos EUA integrada exclusivamente por jogadores da NBA, ele foi o cestinha do Brasil.
Pelo registro oficial do campeonato, ele anotou 26 pontos (um a menos do que Shaquille O'Neal, o cestinha do jogo). Uma pane no sistema de computação do campeonato indicara inicialmente 23 pontos, com base nos dados de computador das TVs. Depois, a marca foi corrigida. A comissão técnica do Brasil anotou 23.
Ex-jogador do Portland Trail Blazers na temporada 88/89 da NBA (National Basketball Association), a mais importante liga profissional dos EUA, Rolando (2,14 m, 109 kg e 31 anos), casado com Virgínia e pai de Ana Beatriz, de um ano e meio, mora em São Paulo. A seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - Como você se sente depois de ficar a apenas um ponto do Shaquille?
Rolando Ferreira Júnior - Sei apenas que o total deveria ser ímpar. Estava muito bem. Era um jogo sem muita responsabilidade de vitória. Já estive na NBA e gosto do jogo um contra um.
Folha - Você não sentiu nenhuma emoção?
Rolando - Na verdade, para o meu ego foi espetacular. Às vezes fico abatido quando ouço alguém dizendo que eu fui um enganador na NBA ou quando fico sem jogar. Acho que esse jogo foi uma dupla resposta.
Folha - Como você foi parar na NBA?
Rolando - Recebi um convite do Steve Green, assistente-técnico, que me levou para o Houston. Eu estava cursando Educação Física no Brasil e decidi ir. Deu certo. Estudava apenas para poder jogar. Fui selecionado pela NBA e escolhido pelo Portland.
Folha - Qual a principal lição que ficou da NBA?
Rolando - Que eu deveria ter acreditado mais em mim e poderia estar lá até hoje. Deveria ter aberto a boca na hora certa. Aceitei ficar no banco e até fora do time.
Folha - Teve outro tipo de problema?
Rolando - Enfrentei o racismo, por ser branco, e a discriminação, por ser estrangeiro.
Folha - Recebeu algum apoio?
Rolando - Sim. Quando cheguei, o Clyde Drexler (astro do Portland) me deu as boas-vindas.
Folha - Você estava abatido fora do time do Brasil?
Rolando - Estou aqui para jogar e quero colaborar com a equipe. A decisão, no entanto, é do técnico.
Folha - A renovação da seleção leva em conta a idade ou a qualidade?
Rolando - Os mais velhos são experientes. Os mais novos ganham no vigor físico, mas a experiência conta muito.

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