São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Pesadelo do sonho americano

ZECA CAMARGO

Como disse a imprensa americana na época, o trabalho de Michael Moore é "devastating" (ou "devastador"). Resgatado do limbo dos documentários por uma grande distribuidora americana, "Roger & Me" foi o azarão da bilheteria em 89 nos EUA (e continua inédito por aqui). Mas para dar uma boa referência, imagine "True Stories" de David Byrne, só que sem ser ficção...
A partir de demissões em massa na GM em Flint (Michigan), cidade natal de Moore e antigo símbolo da produção automobilística americana, Moore saiu para tentar entrevistar o então presidente da empresa e registrar a loucura gradativa dos habitantes da cidade.
A primeira radialista feminista de Flint partiu para fazer seminários caseiros sobre a importância das cores. Outra ex-funcionária da GM vende coelhos –vivos ou mortos. Querem transformar a cidade em ponto turístico, sem sucesso. Entram cenas terríveis de despejo, inúteis tentativas de entretenimento e reforço espiritual para os desempregados e, claro, Roger não vai a Flint.
Mas pelo menos Moore fez um trabalho importantíssimo: mostrou que a única coisa que sobrou do sonho americano foi um pesadelo.

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