São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Reconstrução depende da volta de refugiados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro de Ruanda disse que a reconstrução do país só será possível com a volta dos refugiados.
"Não podemos fingir que temos um país estável até que tenhamos uma população estável. E não podemos fingir que temos uma economia ou condição política sem população", afirmou Faustin Twagiramungu.
Mais de 2 milhões de pessoas foram deslocados, dentro e fora do país, durante a guerra civil.
Os ruandeses dependem totalmente de doações internacionais para conseguir alimento. Segundo ele, o país provavelmente não terá colheita no ano que vem.
Twagiramungu disse que o governo não tem dinheiro e enfrenta problemas para administrar o país. Uma das dificuldades é a falta de sistemas de comunicação.
Ele revelou que está negociando com autoridades do Zaire uma data para a ida de representantes do governo aos campos de refugiados, para tentar convencê-los a retornar.
O premiê não descartou a possibilidade de ir pessoalmente aos campos, sob a condição de que haja segurança para evitar ataques de militares do antigo governo, exilados no Zaire.
Cerca de 20 mil soldados do Exército derrotado de Ruanda estão no Zaire. Eles são acusados de espalhar pânico entre os refugiados, afirmando que eles serão mortos pelos tutsis se voltarem.
Um porta-voz da ONU disse ontem que a organização pretende levar a Kigali anciãos que estão nos campos de refugiados, para mostrar a eles que não há perigo em voltar para o país.
"É importante convencer os anciãos, porque são eles que estão tomando as decisões nos campos", disse o porta-voz.
As Nações Unidas estimam que uma média de 2.000 pessoas cruzam diariamente a fronteira de volta a Ruanda.
O papa João Paulo 2º doou ontem US$ 250 mil aos refugiados ruandeses.

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