São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Vaticano diz que menção a aborto vai impedir o consenso no Cairo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E DA REDAÇÃO

O Vaticano disse ontem que a conferência da ONU sobre população terminará sem consenso se não forem feitas mudanças no texto a ser discutido.
O Vaticano, que tem assento na conferência a se realizar no Cairo de 5 a 13 de setembro, é contra trechos do texto preparatório que falam em aborto e métodos anticoncepcionais.
"Se é para se atingir um consenso no Cairo, que é o que todos esperam, certas posições têm de ser mudadas em relação à consideração do aborto como meio de planejamento familia"r, disse o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Vals.
A conferência do Cairo visa delinear um plano de 20 anos para a estabilização da população mundial, quadruplicando o dinheiro dado a nações pobres para planejamento familiar, assistência médica e educação para meninas.
A Igreja Católica acusa os EUA de usarem seu poderio econômico para forçar a adoção do aborto como parte da política de controle populacional.
A posição que o Brasil defenderá na Conferência será baseada no que prevê a legislação brasileira: o aborto é aceito em casos de gravidez decorrente de estupro e risco para a vida da mãe.
Segundo Elza Berquó, pesquisadora da Comissão de Cidadania e Reprodução do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), o Brasil vai defender um conceito amplo de saúde reprodutiva. Aí é que se enquadrariam os métodos contraceptivos, entendidos como direitos dos cidadãos e não apenas como técnicas de controle populacional.

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