São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 1994
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Vacina com HIV vivo imuniza chimpanzés

Estudo divulgado em conferência no Japão mostra que animais tiveram proteção por células de defesa
Das agências internacionaisCientistas americanos conseguiram imunizar chimpanzés contra o vírus da Aids utilizando uma vacina experimental baseada em uma forma viva e atenuada do vírus.
O resultado, obtido por pesquisadores do NIH (Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA) foi apresentado 10ª Conferência Internacional sobre Aids, que terminou ontem em Yokohama (cidade japonesa perto de Tóquio).
O resultado }mostra a possibilidade de desenvolver uma vacina protetora baseada no vírus HIV inteiro em forma debilitada ou desativada, dizem os cientistas.
Ao contrário do que acontece com o homem, o chimpanzé se infecta com vírus HIV mas não desenvolve a doença.
Os pesquisadores infectaram dois chimpanzés com um vírus HIV cultivado em laboratório, mis tarde "superinfectaram" com doses massivas de um segundo vírus mais potente, posteriormente ainda repetiram a superinfecção em ambos animais e finalmente realizaram uma transfusão de sangue de um animal ao outro em grandes quantidades.
Um ano depois da "superinfecção", explicam os investigadores, não foram achados sinais do segundo tipo de vírus, embora no sangue dos animais ainda esteja presente o primeiro vírus, utilizado como vacina.
Um aspecto significativo da pesquisa se refere ao tipo de reação imunológica observada.
"No passado se considerava que eram os anticorpos neutralizantes os mais importantes agentes do sistema imunológico para combater vírus", disse um dos autores do estudo, Malcolm Martin.
}Na realidade, apesar de que a imunização nos animais se realizou perfeitamente, em seu organismo não se encontrou prova desses anticorpos diretos contra o vírus. Isto sugere que a principal reação imunológica contra o HIV no teve lugar com os anticorpos mas sim com os linfócitos, quer dizer, com a imunidade mediada pelas células, afirma o cientista.
Outro encontro sobre Aids está previsto para dezembro em Paris. A ministra francesa da saúde, Simone Veil, espera que os países por essa época decidam eliminar as restrições de viagem a pessoas infectadas com o HIV.
"Nós sabemos que isso não será implementado em todo o mundo. O que nós queremos é a maior implantação possível, especialmente em países democráticos", disse Veil.
Vários países, como os EUA e a maior parte dos países árabes, não permitem a entrada de vítimas da doença. Ontem militantes subiram no palco da conferência para protestar contra leis japonesas que impedem a entrada de doentes de Aids no país.

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