São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 1994 |
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Encontro de amigos
NELSON DE SÁ
Pode ser, mas ontem mesmo Itamar afastou-se dos microfones. O cerimonial palaciano teria dado como razão a mágoa do presidente com a repercussão que fizeram da morte do sobrinho. Também pode ser, mas não foi bem o que deu a entender a rádio Jovem Pan: – Assessores dizem que, toda vez que o presidente Itamar abre a boca, o plano real balança. E não foi de outra coisa que o presidenciável e o seu presidente falaram no "encontro de amigos". O aumento dos funcionários, em particular dos militares, estava ameaçando o real, ou sua imagem, por insistência de Itamar. O candidato baixou em Brasília e à tarde Itamar estava resignado, declarando diante dos ministros militares sua tristeza pelo pequeno aumento. Ainda culpou a "área econômica", como na manchete dada pelo Jornal Bandeirantes, mas estava bem resignado. Nas palavras do presidenciável tucano, seu amigo, no TJ Brasil: "Todo o mundo sabe, no Brasil inteiro, que eu tenho uma ligação forte com o presidente Itamar Franco. E que eu não seria nem mesmo um candidato, se não fosse pelo apoio dado por ele." Na descrição da correspondente do TJ, Mônica Waldvogel, o que o candidato fez ontem em Brasília foi mesmo "apagar o incêndio". Bata na madeira Vão aparecendo, de todo lado, as más notícias para o plano real. Na Cultura, por exemplo, que deu uma elevação explosiva de 39% nas vendas a prazo. Até na Globo, que noticiou um aumento de 30% nas vendas no atacado, na zona cerealista de São Paulo. Ou, o mais assustador, no fato anunciado por Carlos Nascimento, o âncora do SP Já: "O preço do quilo nos sacolões da prefeitura aumentou hoje quase 35%." Não é à toa que Lillian Witte Fibe, também âncora da Globo, anda tomando o maior cuidado ao falar em "moeda forte". Em seu "Minuto Econômico", ontem na rádio CBN, ela fez acompanhar a expressão do conselho, ou aviso: "Bata três vezes na madeira." Material escolar Que ninguém espere, de todo modo, qualquer mudança maior na campanha real que faz a Globo. Ainda ontem, no Jornal Nacional, a cobertura do plano continuava centrada em pesquisa de preço etc. Uma de suas manchetes dirigidas: "O abuso de preços no material escolar chega a 100%." Texto Anterior: Brizola diz que não desiste de candidatura Próximo Texto: Candidato promete construir 'mareduto' ; PFL recorre a imagem de Cosme e Damião Índice |
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