São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 1994
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Para PT, falta de alianças abala Lula

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT já admite que a política de evitar alianças em algumas sucessões estaduais está prejudicando a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na reunião de ontem em São Paulo com os coordenadores das campanhas estaduais do partido, a direção nacional do PT constatou que a sucessão de taxas de 1% e 2% de seus candidatos tem uma explicação política.
"O isolamento de nossas candidaturas criou dificuldades", disse Gilberto Carvalho, secretário-geral da legenda.
Carvalho evitou criticar as candidaturas, mas citou exemplos de Estados avaliados como de situação eleitoral dificílima: Paraná, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Goiás, Rondônia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Tocantins.
Desde o início da discussão sobre coligações estaduais, Lula manifestou o temor de que candidaturas petistas sem força eleitoral poderiam prejudicá-lo na disputa presidencial.
O Diretório Nacional do PT discute a questão hoje. Já se ensaia uma solução para a "turma dos 2%", como estão sendo chamados internamente os candidatos do partido que não animam a cúpula.
Pensa-se em aproveitar o espaço de TV desses candidatos quase que unicamente para a propaganda da chapa Lula-Aloizio Mercadante.
Oficialmente, a prioridade para Lula será apresentada como um tentativa de, ao vincular totalmente as frágeis campanhas estaduais a um dos favoritos da sucessão presidencial, fornecer oxigênio às anêmicas postulações petistas.
O objetivo verdadeiro, no entanto, é tentar dessa maneira recuperar o terreno perdido por Lula.
"É a última reunião do diretório antes do primeiro turno e temos que aproveitá-la para reverter o quadro", afirmou Carvalho, que ouviu dos coordenadores a queixa sobre a falta de recursos financeiros para as campanhas estaduais.
A direção da campanha de Lula vai financiar parte do material de campanha dos candidatos aos governos estaduais. "Isso será feito porque o quadro dos Estados preocupa e a retomada do crescimento da campanha de Lula passa por aí", acha o secretário petista.
Mercadante conversou anteontem com o ex-governador paranaense Roberto Requião, candidato ao Senado pelo PMDB. Não ouviu a promessa de apoio imediato. "Vamos estar juntos no segundo turno", acredita o vice de Lula.
O discurso petista sobre o Real continua confuso. Mercadante aposta ainda que a "euforia" da população com o plano tende a diminuir, mas o partido vacila em bater de frente nas medidas.
No dia 19, militantes petistas vão distribuir folhetos na rua tentando explicar a análise do partido sobre o Plano Real.

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