São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
Texto Anterior | Índice

Enzimas das múmias do Egito sobrevivem mais de 2.000 anos

DA "NEW SCIENTIST"

Enzimas das múmias do Egitosobrevivem mais de 2.000 anos
Enzimas que ficaram guardadas nas múmias do Egito por mais de 2.000 anos funcionam tão bem quanto as de uma amostra fresca de ossos.
Uma equipe internacional identificou pela primeira vez em restos tão antigos um elemento humano que ainda funciona, abrindo potencialidades para a ciência da "arqueologia molecular".
"É uma descoberta singular feita a partir de pura curiosidade científica", disse Ulrich Weser, da Universidade de Tübingen (Alemanha). "Acreditamos que pode se tornar uma ferramenta útil para investigações arqueológicas".
As enzimas preservadas poderiam trazer indícios vitais a respeito do estilo de vida, incluindo dieta, doenças e saúde.
Em artigo a ser publicado ainda este mês na "Revista de Pesquisas Naturais", ("Zeitschrift für Naturforschung") Weser e sete colegas de Tübingen, Munique (Alemanha) e Oxford (Reino Unido) descrevem a descoberta como "assombrosa".
Eles concluíram que as enzimas }ficaram essencialmente inalteradas tanto na estrutura quanto na função.
Os pesquisadores extraíram duas amostras de ossos de múmias egípcias de cerca de 400 a.C., o começo da era Ptolomaica –ossos de torso de um museu em Munique e de um fêmur do Museu Britânico, em Londres.
Usando ferramentas de titânio projetadas especialmente para a ocasião, cortaram fatias dos ossos e os amassaram. Depois testaram a presença de proteínas ativas.
Eles detectaram enzimas conhecidas como fosfatases alcalinas, que contêm zinco e magnésio, e separam o fosfato necessário ao metabolismo dos ossos.
Uma comparação com ossos humanos de recém-mortos mostrou surpreendentemente muito poucas diferenças, embora as enzimas antigas exibissem declínio de 35% na atividade.
Weser acredita que as enzimas tenham sobrevivido por mais de dois milênios porque a superfície dos ossos desempenha o papel de barreira contra a degradação.
Em laboratório, as mesmas enzimas morrem após algumas horas na geladeira.
Em 1989 Weser descobriu indícios de uma enzima ativa com cobre e zinco em um cérebro ressecado de um egípcio mumificado aos 16 anos há mais de 3.000 anos.
O seu próximo objetivo é analisar uma costela de vaca bem preservada, achada a bordo do Mary Rose, o navio de guerra da marinha do rei Henrique 8º retirado do fundo do mar.
Parte do Mary Rose ficou preservada em sedimentos em frente ao porto de Portsmouth, no sul da Inglaterra. Foram encontrados em razoável estado de preservação utensílios diversos. Entre os achados, foram recuperados restos dos alimentos dos marinheiros, como ossos de animais.
Weser quer verificar se as enzimas sobrevivem na água do mar tão bem quanto nas múmias.

Texto Anterior: Ilha do Pacífico ainda sofre com a bomba
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.