São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Governo em campanha

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Rubens Ricupero, que começou tão acanhado nas cadeias nacionais que lançaram o plano real, pegou gosto pela televisão. Ontem, no Jornal da Cultura, entre outros, o ministro anunciou que vai cuidar sozinho, ele mesmo, da nova campanha para aumentar a arrecadação.
Quer dizer, aquela história de que a arrecadação iria aumentar com o plano, de que o governo já pensava até em acabar com o imposto do cheque, porque dinheiro não iria faltar, ficou só na vontade. Falta dinheiro e o ministro vai voltar à televisão, por conta.
Ontem, Rubens Ricupero adiantou os argumentos. O propósito agora é fazer os eleitores, quer dizer, os cidadãos se mobilizarem, como antes, mas desta vez para exigir nota fiscal nos negócios.
– Quando o consumidor não pede nota, ele está sendo roubado, porque ele já pagou o imposto. Apenas, em vez de financiar a educação e a saúde, o imposto vai engordar a margem de lucro do comerciante.
Apoio decidido
Por coincidência, o programa eleitoral de Fernando Henrique Cardoso, ontem à noite, fez um apanhado das promessas do candidato nas duas primeiras semanas da propaganda obrigatória e seus primeiros temas de campanha foram, precisamente, educação e saúde.
Não é que eles tenham combinado. São coisas que acontecem, já que o governo tem cada vez menos pudor em declarar que o seu candidato é mesmo Fernando Henrique. E Fernando Henrique tem cada vez menos pudor em dizer que é o candidato governista. Ontem, por exemplo:
– O real está aí. É moeda forte. Os preços estão baixando. Isso aconteceu porque o povo acreditou e lutou contra a carestia, e porque há uma equipe econômica competente, e porque o presidente Itamar Franco deu um apoio decidido à estabilização da economia.
Debate à vontade
Amanhã a Rede Bandeirantes faz mais um debate entre os candidatos a presidente da República. Desta vez, nada de Associação Comercial, de Conferência dos Bispos, de Ordem dos Advogados. Como pediu Lula, ontem no Jornal de Domingo, que fez propaganda do programa:
– (O melhor debate seria aquele com) uns cinco ou seis jornalistas, questionando os candidatos sobre programas de governo. Algo que possa objetivar a sinceridade do candidato, seus compromissos, para saber se é compatível o que ele está falando com a realidade.
Outros defenderam a mesma coisa. "É o formato que agrada os presidenciáveis", explicou ontem o locutor do Jornal de Domingo. Ou seja, nada de sociedade civil. Cedeu bem facilmente a Bandeirantes –à suspeitosa vontade dos políticos, desta vez unânimes.

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