São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994 |
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PT dirá que FHC é opção dos 'ricos'
CARLOS EDUARDO ALVES
A crise da candidatura Lula, que não pára de cair desde a introdução da nova moeda, ainda não foi superada. A cúpula petista vai tentar politizar a campanha, tirando a discussão do plano econômico, por não ter encontrado uma resposta para o problema. Na tentativa de tornar a disputa mais politizada, o tucano será atacado de maneira impiedosa. "Nosso discurso será mais agressivo e vamos configurar FHC como o candidato dos ricos", anunciou Rui Falcão, presidente do PT, na noite de sábado. A partir de agora, os ataques serão dirigidos ao palanque do tucano e, principalmente, ao candidato adversário de Lula. FHC será apresentado como a própria encarnação do conservadorismo no país. Até agora, a prioridade do marketing petista era apontar nos aliados de FHC os representantes do atraso. "Fernando Henrique é o conservadorismo hoje e vamos levar isso para a TV", afirmou Gilberto Carvalho, secretário-geral do PT. A reunião da cúpula do PT jogou para baixo do tapete alguns dos principais problemas da campanha. Uma comissão designada para preparar um texto que guiaria as votações não conseguiu preparar o documento, por dificuldade de chegar ao consenso. Na questão real, não houve a tomada de uma linha clara. Mas, mesmo tentando evitar o tema na discussão eleitoral, prevalece a tendência de afiar o discurso contra as medidas econômicas. "A população vai perceber que perdeu o poder de compra e que esse é um plano temporário de combate à inflação com alto custo social", acha Falcão. Lula também aposta, mesmo contra os indicadores momentâneos que apontam aumento de consumo entre a camada mais pobre, que uma suposta face perversa do real aparecerá antes do segundo turno da eleição presidencial. A decisão de não levar a voto o nó real foi repetida na hora de discutir uma abertura maior das alianças estaduais do partido. Sob a alegação de que não existia mais quórum para deliberação, o assunto foi evitado. O deputado Eduardo Jorge, que queria maior flexibilização dos critérios adotados pelo partido para decidir bancar algumas candidaturas, saiu inconformado com a falta de discussão. "Estou aborrecido com essa reunião", disse Jorge. O líder da bancada petista na Câmara, José Fortunati (RS), também criticou a falta de definição. "Infelizmente, as reuniões do diretório estão se tornando infrutíferas", declarou. Sexta-feira, Luiz Eduardo Greenhalgh (um dos coordenadores da campanha de Lula), anunciara que o PT retiraria suas candidaturas aos governos da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Houve recuo no último Estado. Os petistas potiguares avisaram à cúpula do partido que haverá resistência à retirada da candidatura de Fernando Mineiro e o consequente apoio a Wilma Faria (PSB). A questão permanece aberta. Na Paraíba, o PT vai apoiar Antônio Mariz (PMDB). O programa de TV do PT também foi analisado na reunião. O publicitário Paulo de Tarso Santos, responsável pelo horário eleitoral de TV de Lula, ouviu sugestões da cúpula para reformulá-lo. Falcão repassará para Santos as decisões do partido. É consensual que Santos deve ser mantido, já que ninguém contesta que o problema da campanha de Lula hoje é falta de discurso claro sobre o Plano Real. "Foi uma reunião positiva. Recebemos muitas idéias úteis", disse Santos. Uma das idéias apresentadas é a de apresentar um "quem ganha e quem perde" com as propostas de Lula, apresentando como perdedores empresários e banqueiros que estão apoiando FHC. Texto Anterior: Paternidade irresponsável Próximo Texto: Lula passa o Dia dos Pais com a família Índice |
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