São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994 |
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Novas drogas devem ajudar tratamento da esquizofrenia
JAIRO BOUER
A Risperidona (que chegou ao mercado na última semana) e a Clozapina (vendida desde 92) aumentam o "poder de fogo" contra a doença. O principal desafio dessas novas drogas é tentar manter a eficácia dos remédios tradicionais, reduzindo significativamente seus incômodos efeitos colaterais. O primeiro surto de esquizofrenia (fase aguda) atinge jovens na faixa dos 18 aos 25 anos. Os sintomas iniciais são alucinações, delírios e idéias de perseguição (veja quadro abaixo). O comportamento, o afeto e a forma de pensar ficam alterados. Após o surto (fase crônica), a doença costuma deixar sintomas "residuais", como isolamento social, apatia, déficit intelectual e capacidade afetiva empobrecida. A pessoa pode ficar incapacitada para uma vida normal. As causas da doença ainda não foram bem determinadas. Os psiquiatras consideram que não existe cura total para esquizofrenia. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas e tentar evitar novo surtos da doença. O tratamento convencional usa drogas (os neurolépticos) para "bloquear" delírios e alucinações. As limitações dos neurolépticos são efeitos colaterais e baixa eficácia contra sintomas "residuais". Os efeitos colaterais são tremores, rigidez, movimentos lentos, sensação de inquietação, espasmos musculares involuntários e aumento da apatia. Ricardo Moreno, psiquiatra do Hospital das Clínicas da USP, afirma que uma das vantagens das novas drogas é diminuir a apatia causada pelos neurolépticos –e que se confunde com a doença. Um dos problemas da Risperidona é o preço. O tratamento com doses médias custa cerca de 30 vezes mais do que com o Haldol (medicação tradicional). O laboratório avalia que esse custo deve atingir US$ 200 por mês. A medicação faz efeito tanto na fase aguda quanto na fase crônica da esquizofrenia. Segundo Moreno, o uso da medicação pode causar um aumento da agitação em alguns pacientes. Efeitos colaterais podem aparecer com doses mais altas. Mario Louzã Neto, psiquiatra do Hospital das Clínicas, diz acreditar que a Risperidona aparece como opção importante. Para ele, os mais beneficiados nessa fase inicial da droga são os pacientes que não se dão bem com os neurolépticos tradicionais. Texto Anterior: WALTER CENEVIVA Próximo Texto: Estudo mundial envolveu 3 mil pacientes por 7 meses Índice |
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