São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Bancos estrangeiros ampliam operações

FIDEO MIYA; RODNEY VERGILI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os US$ 10,4 bilhões de investidores estrangeiros que foram aplicados de 91 até junho deste ano nas bolsas são apenas uma pequena amostra dos negócios que os bancos de investimentos internacionais querem expandir no país.
Nomes respeitados no centro financeiro mundial de Wall Street, em Nova York, como Merrill Lynch e Baring Securities, estão ampliando suas instalações e equipes de profissionais no Brasil ou associando-se com empresas brasileiras, como é o caso da Salomon Brothers.
Eles querem disputar um mercado que consideram promissor nas três grandes frentes de negócios que caracterizam as atividades do "investment banking".
A primeira é a administração de recursos de grandes investidores institucionais estrangeiros, que inclui a compra e venda de ações de empresas brasileiras dentro da regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários.
A segunda são os lançamentos de ações e títulos brasileiros no país e no exterior, tais como debêntures, commercial papers e eurobônus, entre outros.
A terceira grande frente de negócios é a área das finanças corporativas, incluindo a assessoria nos processos de reestruturação das companhias brasileiras, que em muitos casos acabam gerando operações de fusão, compra e venda de empresas.
A norte-americana Merrill Lynch é um caso exemplar. Segundo Alexandre Koch Assis, diretor executivo da subsidiária brasileira, ela administra recursos de clientes do mundo todo, que já ultrapassaram a marca dos US$ 600 bilhões.
Ela está reativando sua distribuidora no Brasil, que terá seu capital aumentado nos próximos 30 dias e realizará todas as operações típicas de um banco de investimento.
Para isso, suas atuais instalações estão sendo duplicadas, com a ocupação de mais um andar no prédio da av. Paulista (SP).
A reativação da distribuidora, explica Alexandre Assis, está calcada em análises promissoras sobre o Brasil, que concentra praticamente a metade do PIB da América Latina e onde há um grande número de empresas que vão gerar uma demanda de recursos nos mercados de capitais local e internacional.
A norte-americana Salomon Brothers associou-se numa joint venture com profissionais brasileiros no Banco Patrimônio de Investimentos, que começou suas atividades no último dia 1º de julho.
Segundo Jair Ribeiro da Silva Neto, diretor executivo do Banco Patrimônio de Investimentos, seu capital é de cerca de US$ 10 milhões, enquanto o de sua matriz gira em torno dos US$ 4 bilhões.
Com ativos de cerca de US$ 180 bilhões, a Salomon Brothers pretende desenvolver no Brasil todas as atividades que opera no exterior como banco de investimento: fusões e aquisições, finanças corporativas, administração de recursos, corretagem de títulos, "underwriting", arbitragem e derivativos.
O norte-americano J.P. Morgan já tem uma participação expressiva no mercado brasileiro, em particular na área de fusões e aquisições. Somente neste ano, ele contabiliza entre as operações bem-sucedidas a compra da Atlantic pelo grupo Ipiranga por US$ 290 milhões, na qual assessorou o comprador.
Mais recentemente, o J.P. Morgan intermediou as vendas da Kimberly Clark do Brasil para a Companhia Melhoramentos e a do Banco Montreal para o CCF.
Uma das maiores administradores de recursos de terceiros do mundo, principalmente de fundos de pensão, o J.P. Morgan administra mais de US$ 100 bilhões de clientes, segundo Pedro Paulo de Campos, vice-presidente da subsidiária brasileira.
A subsidiária brasileira da inglesa Baring Securities, instalada no Brasil há dois anos, está procurando dois profissionais para atuar na área de fusões e aquisições de empresas e desenvolver operações de "underwriting", informa seu presidente, Robert Barclay.
Segundo Barclay, a Baring Asset Management administra cerca de US$ 50 bilhões de recursos de terceiros.

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