São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Clubes querem direito de voto na CBF mas temem as represálias

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os clubes da segunda divisão do Campeonato Brasileiro querem votar nas assembléias da Confedaração Brasileira de Futebol, mas temem represálias da entidade caso exijam esse direito na Justiça.
Pelo estatuto da CBF, só votam nas suas assembléias os clubes da primeira divisão. Segundo a lei Zico, porém, podem votar todos os clubes filiados (leia texto ao lado).
Nenhum dos dirigentes de clubes da segunda divisão ouvidos pela Folha sabia dessa irregularidade no estatuto da CBF.
"Vamos entrar na Justiça, se temos direito de voto", afirmou Benedito Teixeira, presidente do América (SP).
Ele defende o voto aos clubes da segunda divisão. "Acho justo que votemos, já que somos filiados à CBF", afirmou Teixeira.
Para Márcio Braga, ex-secretário nacional de desportos e ex-presidente do Flamengo, a extensão do direito de voto na CBF aos clubes é uma "revolução branca" no futebol brasileiro.
"O direito ao voto a todos os filiados é claríssimo na lei. A bola agora está com os clubes, mas eles ainda não perceberam isso", disse.
Mas os clubes temem represálias da CBF caso entrem com ações na Justiça requerendo o direito de voto.
"A CBF é complicado. Você entra de corpo e alma, eles acham que foram traídos e vem retaliação", afirmou Hussein Zraik, presidente do Atlético (PR).
"Eu não vou comprar briga. Vou pleitear conversando, não na Justiça", disse. Zraik também acha que todos os clubes filiados devem poder votar na CBF.
"Somos filiados e acho que devemos votar, mas é preciso analisar os custos", disse Raimundo Ragadas, presidente do Fortaleza.
Os clubes ainda temem o poder dos dirigentes do futebol. "Direitos iguais, é difícil", disse Zraik.

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