São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Argentina quer debater segurança

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo argentino quer que o presidente americano Bill Clinton e seus colegas latino-americanos discutam a segurança do continente na Cúpula das Américas. O motivo é o atentado terrorista que matou mais de cem pessoas no mês passado em Buenos Aires.
"Um convite foi endereçado à cúpula hemisférica para levar o ataque em consideração", disse o vice-ministro de Relações Exteriores, Fernando Petrella. Em 18 de julho passado, uma explosão destruiu a sede das duas principais instituições judaicas argentinas.
A cúpula está prevista para dezembro em Miami, Flórida (sul dos EUA).
Petrella disse também que o ministro das Relações Exteriores Guido di Tella ligou para seus colegas das nações vizinhas na sexta-feira passada para discutir um alerta recebido de Israel sobre a possibilidade de mais atentados. O governo do presidente Carlos Menem declarou que foi avisado dessa possibilidade. Menem admitiu que houve "excessos" alarmistas nos comunicados emitidos sexta-feira pelo governo.
O embaixador de Israel, Yitzhak Avirán, foi identificado nos comunicados como a fonte das advertências ao governo argentino.
Israel acusou o Irã da autoria dos atentados, supostamente cometidos através de militantes radicais de grupos fundamentalistas islâmicos controlados e financiados pelos iranianos.
Segundo Petrella, a questão da segurança também poderá ser levantada em outro encontro a ser realizado no próximo mês no Rio de Janeiro.
Apesar das declarações de Menem pedindo que a vida continue normalmente, medidas de segurança foram tomadas em todo o país.
Os hospitais estão em alerta e policiais com cães farejadores montam guarda em sinagogas. Carros blindados da polícia patrulham perto de escolas judaicas.
Um jogo de hóquei feminino foi cancelado depois que uma das equipes se recusou a jogar em um clube judaico, segundo o jornal "Clarin".
As relações entre a Argentina e o Irã estão tensas desde que um juiz local, baseando-se em testemunhos do iraniano Manouchehr Motamer, emitiu mandados de prisão para quatro funcionários iranianos.
Motamer –entrevistado na Venezuela pelo juiz Juan José Galeano– tem sido descrito como um ex-diplomata, ex-secretário de um ministro religioso iraniano ou mesmo um agente duplo.
As Forças Armadas do Uruguai prepararam um comando militar especial, pronto a atuar em caso de atentado terrorista contra organizações judaicas. O comando está a cargo do general Yelton Bagnasco e se soma a medidas policiais adotadas como consequência da advertência de um eventual novo atentado.

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