São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994 |
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Woodstock termina com chuva, lama e invasão
FERNANDO CANZIAN
Choveu torrencialmente na tarde de sábado e madrugada de domingo. Rios de lama se formaram na fazenda onde o festival aconteceu durante o fim-de-semana. O mau tempo levou milhares de pessoas a deixar o evento antes da apresentação final de ontem à noite, com o cantor Peter Gabriel. Outras milhares de pessoas teriam conseguido entrar sem pagar durante a madrugada, apesar dos 600 policiais do lado de fora do festival e 1.200 seguranças dentro. Ontem, voltou a chover diversas vezes, enquanto 15 bandas e músicos se apresentavam nos dois palcos do Woodstock 94. Os shows de ontem incluíram Bob Dylan, Red Hot Chilli Peppers, Santana, Spin Doctors e Arrested Development, entre outros. No total, os organizadores –os mesmos que criaram o Woodstock Festival há 25 anos– venderam cerca de 200 mil dos 250 mil ingressos disponíveis. Mesmo com a chuva e a saída antecipada de milhares de pessoas, o público parecia estar se divertindo muito ontem no festival. Mas os organizadores enfrentariam sérios problemas caso tivessem conseguido vender todos os ingressos colocados à venda. No final da tarde de ontem, centenas de pessoas tentavam invadir áreas reservadas a médicos, pessoal contratado, convidados e artistas por buracos abertos nas cercas de segurança. A maioria queria encurtar caminho para tomar os ônibus que as levariam a um dos 11 estacionamentos criados nas proximidades de Saugerties. Durante o dia, a polícia previa congestionamentos de até nove horas. No início da tarde, toda a situação logística da fazenda estava se deteriorando. A comida das barracas de alimentos começou a acabar e boa parte das 180 camas do hospital montado no festival já estavam ocupadas. Até o final da tarde, os 1.200 médicos no local já haviam atendido 4.000 pessoas, a maioria com intoxicação, torções e desidratação, e duas mortes haviam sido registradas (de um diabético que misturou comprimidos com vodca e de um rapaz, que teria sofrido um traumatismo craniano). Apesar dos problemas, o festival foi considerado um sucesso pela maioria. "Deveríamos ter um desses a cada dois anos", disse o músico Carlos Santana, que se tornou conhecido no primeiro festival e que voltou a se apresentar ontem. Texto Anterior: Argentina quer debater segurança Próximo Texto: Clima dos anos 60 predomina Índice |
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