São Paulo, sábado, 20 de agosto de 1994
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Genoino e Garcia criticam campanha de Lula

DA REPORTAGEM LOCAL E DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, admitiu ontem que as indefinições da coordenação de campanha do PT contribuíram para a desmobilização da militância do partido.
Segundo ele, parte da coordenação –grupo no qual ele se inclui– menosprezou a velocidade com que o Plano Real influenciaria o eleitorado em favor de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Garcia concordou com as críticas feitas anteontem pelo candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, José Dirceu, à direção do partido. Segundo ele, a militância do partido "tem que ter orientação política".
Em Bauru, o deputado José Genoino (PT-SP) também fez críticas a integrantes do partido. Ele disse ontem que "picuinhas", "arrogâncias" e "futricas" estão prejudicando a campanha de Lula.
"As pessoas que fazem isso não se dão conta de que indiretamente estão prestando um trabalho para os adversários", disse.
O deputado não citou nomes. Ele procurou generalizar as críticas ao fazer uma avaliação do desempenho da candidatura de Lula.
O parlamentar petista também criticou o "sectarismo" e as atitudes "arrogantes" de campanha.
"Hoje a população não aceita política sectária, carrancuda. Nós temos de ser radicais sem sermos sectários e arrogantes", disse.
Genoino afirmou que Lula não vai vencer a eleição se contar só com o voto do eleitorado petista.
"Nós só vamos ganhar a eleição se tivermos o apoio mais amplo do eleitorado e não só o do PT. É preciso mudar a cabeça e a maneira de se fazer política", afirmou.
Para Genoino, a queda de Lula nas pesquisas ocorreu porque o PT teria subestimado o Plano Real e as alianças em torno de FHC.
"Subestimamos a capacidade do real de gerar uma expectativa otimista na população. Subestimamos também a capacidade do conservadorismo de se unir em torno de FHC", afirmou o petista.

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