São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Para indústria, IPI menor combate ágio

SUZANA BARELLIFIDEO MIYA

SUZANA BARELLI; FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Montadoras e concessionárias reagiram à ameaça do governo de reduzir as alíquotas de importação dos carros "populares" com o pedido de diminuição do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) dos modelos básicos.
No sábado, o ministro Rubens Ricupero (Fazenda) disse que o governo vai reduzir as alíquotas de importação –hoje em 35%– se o ágio não baixar rapidamente.
A alegação do setor é que se o governo reduzir o imposto dos modelos básicos, grande parte dos consumidores que hoje optam pelos "populares" vão migrar para os básicos, equilibrando a demanda e eliminando o ágio.
"Há um grande degrau entre as alíquotas do 'popular' e do básico", diz José Carlos Pinheiro Neto, diretor de assuntos corporativos da GM, que fabrica o Corsa, considerado o "campeão do ágio".
Hoje, os "populares" pagam 0,1% de IPI e os básicos, 25%.
Segundo Pinheiro Neto, a montadora está tomando as medidas para impedir o ágio.
Miguel Jorge, vice-presidente de assuntos corporativos da Autolatina, diz que as montadoras assumiram metas de investimento e geração de emprego em troca da redução de impostos.
"Será que os importadores também serão obrigados a assumir tais compromissos?", pergunta.
Para ele, as medidas, ainda, são inócuas já que os modelos "populares" comercializados no exterior têm preços maiores. "O modelo Marbella, espanhol, está ao redor de US$ 9.000", diz.
"Não é com a redução das alíquotas de importação que será resolvido o problema da especulação", disse Sérgio Reze, presidente da Fenabrave –federação que reúne as distribuidoras de veículos.
Reze argumenta que o aumento das importações levaria até quatro meses, enquanto que a redução dos impostos teria efeito imediato.
Na outra ponta, a Abeiva –associação que reúne as importadoras de 25 marcas de fabricantes não instalados no país– diz que o ágio não é culpa das revendas.
"É criminoso que uma montadora lance um produto no mercado sem ter capacidade de produção para atender à demanda conhecida através das pesquisas", diz Emílio Julianelli, presidente da Abeiva.

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