São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Ato no Rio marca 'virada', diz Lula

AMÉRICO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A campanha do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva ontem no Rio foi marcada pelos contrastes.
O petista foi tratado com indiferença pelos moradores da favela da Rocinha, mas conseguiu transformar uma passeata em Copacabana (zona sul) em um dos maiores eventos da eleição até aqui.
A Rocinha é a maior favela da América Latina, enquanto a zona sul é a região com maior concentração de recursos da cidade.
A passeata foi promovida pelo PT em Copacabana para lançar o programa de saúde do partido. O candidato chegou à av. Atlântica por volta das 12h e desfilou num caminhão aberto até as 14h30, com um calor de 32 graus.
O sol acabou beneficiando o candidato, já que muitos banhistas se juntaram aos militantes do PT, engrossando a manifestação.
No começo, os organizadores avaliaram que 15 mil pessoas participaram do ato. Cerca de 20 minutos depois, já falavam em 100 mil manifestantes. A Polícia Militar não estava presente para avaliar o público. Segundo Lula, o ato marcou a sua "virada" na eleição.
Antes disso, o petista havia feito visitas a várias favelas da cidade. No sábado, foi à favela Nova Holanda, no complexo de favelas da Maré, ao Jacarezinho e à Cidade de Deus. No domingo, esteve na Rocinha –onde teve a mais fraca de todas as recepções. Todos esses lugares são redutos eleitorais tradicionais de Leonel Brizola (PDT).
Na Rocinha, os moradores não saíram de suas casas, mesmo com os gritos dos militantes.
Em determinado momento, os petistas entraram numa feira dentro da favela. A estratégia não surtiu efeito. As pessoas preferiram fazer suas compras.
Algumas reclamavam que os políticos só visitam o local em época de eleição.
Em Nova Holanda, Lula criticou "os ricos deste país que, toda vez que vêem seus interesses ameaçados, se juntam". Em Copacabana, não tocou no assunto, criticando setores mais específicos –como oligopólios e usineiros.
O próprio candidato reclamou da agenda. Em discurso no Jacarezinho disse que era melhor estar namorando no sábado à noite. "Ou tomando uma cervejinha."
Lula não reconheceu a indiferença dos moradores da Rocinha. Em entrevista, disse que teve uma recepção "extraordinária".

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