São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Campanha vive pior momento, avalia direção

AMÉRICO MARTINS
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República vive o seu pior momento, na avaliação da própria direção de sua campanha.
Além da queda verificada em todas as pesquisas eleitorais, o partido está imobilizado com relação a pelo menos dois pontos: a influência eleitoral do Plano Real e as adesões à candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Os petistas acreditam que só têm duas formas de contra-ataque. A primeira é manter as críticas ao Plano Real, apostando na queda do otimismo em relação às medidas –o que independe do PT. A segunda, é o apelo à militância.
Este apelo em si já é mais um problema a ser administrado pelo PT. A própria coordenação petista não queria lançar tão cedo e de forma tão intensa os pedidos para que os militantes entrem na campanha.
A avaliação é a de que os petistas podem cansar de fazer corpo-a-corpo durante 45 dias. Este desgaste só estava programado para às vésperas da eleição.
Os petistas também sabem que não poderão neutralizar as adesões a FHC. Dificilmente alguma nova força política iria apoiar Lula ainda no primeiro turno. Todas as possibilidades de adesão, na avaliação da própria coordenação, devem ficar para o segundo turno.
O problema, admitido pelos petistas, é que essas adesões têm uma importância regional muito forte. A coordenação da campanha está tentando criar uma nova estratégia, evitando os palpites apressados de membros do próprio PT.
Essas sugestões pretenderiam beneficiar Lula, mas terão que ser analisadas com cuidado. Um erro neste momento pode levar à perda das eleições no primeiro turno.
Mas os petistas avaliam que FHC também é obrigado a apostar. Além da aposta de que o real será bem aceito e de que as adesões regionais vão impulsionar ainda mais a candidatura tucana, os petistas acreditam que o PSDB vai tentar responsabilizar o PT por uma eventual onda de greves.

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