São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Gato escaldado

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Demorou, mas o presidente do Partido Liberal apareceu ontem no Jornal da Cultura, no Programa de Domingo, no Jornal de Domingo, em toda parte, para fazer o que há muito se esperava dele.
Mais do que o apoio a FHC, porém, chamou atenção a proposta do adesista liberal. Ele quer "a renúncia de todos os outros em favor do candidato do PSDB" e de um "grande entendimento".
É uma desculpa envergonhada, mas é também uma manifestação, como muitas outras, da impressão geral, do chamado clima de já-ganhou que vai envolvendo a campanha de Fernando Henrique.
O próprio faz o que pode, para conter a euforia. Ontem, trancado com assessores, mandou um deles dizer à Manchete que ficou feliz com a nova pesquisa, mas que isso não muda a sua campanha.
No programa eleitoral de ontem, disse a mesma coisa. "Ainda falta mais de um mês para as eleições. Eu vou continuar disputando cada voto, todo dia, lutando por cada canto deste país."
É sabido o motivo de tanta cautela. Como dizia a rádio Bandeirantes na cobertura da reunião com assessores, FHC é "gato escaldado". E "já sentou na cadeira uma vez e não deu certo".
Ali Babá
Lula desistiu do real. Não fala mais do plano, nem bem, nem mal. No programa eleitoral petista, ontem, foi como se o real não existisse. Até Aloizio Mercadante, o vice, desapareceu de cena.
A campanha volta ao passado e Lula, na Cultura, na Manchete, surgiu em três favelas do Rio, entre bandeiras vermelhas e exortações ao povo pobre. E nem pensar em economia, coisas assim.
A idéia agora, no horário eleitoral e fora dele, é concentrar fogo nas alianças de Fernando Henrique. Que ontem mesmo, na propaganda, já era comparado a "Ali Babá e seus 40 ladrões".
Coalizão Cristã
Segundo o Fantástico, Orestes Quércia estava ontem apresentando a sua proposta a pastores evangélicos, em Campinas. Ao que parece, é o que restou ao quercismo: representar Edir Macedo.
Enéas e Amin
Esperidião Amin voltou a dizer, no Jornal de Domingo, que não vai desistir. E que aderir é coisa de vira-casaca. Pode morder a língua, ele que tem metade das intenções de voto de Enéas.
Enéas que segue crescendo. Já está em 4%, em alta, contra 5% de Quércia e Leonel Brizola, em baixa. É que Enéas, dizia ele mesmo, ontem, não é como "esta meia dúzia". É verdade.

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