São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Wilhelm volta às águas em uma competição de windsurfe

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Wilhelm Shurmman, 18, não consegue viver longe do mar. Também, pudera. Ele é um dos membros da família Shurmman, famosa por ter ficado dez anos viajando de barco pelo mundo.
O garoto chegou ao Brasil no início deste ano e tem morado com sua família em Porto Belo, Santa Catarina –no barco, claro.
Ele saiu do país com sete anos. "Nem me lembrava do Brasil ", diz. Embora tenha gostado do que viu, ele já está com o pé na estrada (no mar) novamente.
Wilhelm embarcou no último sábado para a Dinamarca, onde participa de um campeonato mundial de windsurfe, esporte que pratica desde os 13 anos.
Ele é o único brasileiro a participar do mundial. A vaga foi conseguida graças a um primeiro lugar conquistado no ano passado durante o campeonato nacional da Nova Zelândia, no ano passado, na categoria slalom.
A disputa acontece de 10 a 17 de setembro em Rombjerg. Desse campeonato participam pranchas industriais –as de fabricação caseira, têm um campeonato à parte. São 160 competidores.
O esportista fala da Nova Zelândia como um paulistano fala do Guarujá. Para ele, não existem muitas barreiras.
Passou parte da adolescência no Pacífico Sul, passeando pelas ilhas da Oceania. Viu um concerto inesquecível do Brian Adams na África do Sul. Quando ouve Madonna, lembra do Chile.
Não poderia mesmo ficar morando o resto da vida no Brasil. "Não consigo viver sem viajar e também não consigo ficar longe do mar."
Por isso, quer ser um windsurfista profissional. " Quero fazer o circuito do windsurfe, e vou entrar com tudo, para ganhar."
O mar é tão presente na vida de Wilhen que ele continua morando dentro do barco. Diz odiar morar em terra firme.
"As casas tem um teto muito alto, dá até medo". Em uma casa normal, sente falta também do balanço, "que embala o sono."
Aprendeu também a conviver com a família (os pais e dois irmãos) em um espaço um pouco maior que 40 m sem brigar.
"Às vezes saiam umas brigas por causa do som. Mas sempre soubemos não ultrapassar os limites dos outros."
Fez muitos amigos, para quem nunca deixa de escrever. "Me correspondo com mais de 80 pessoas", diz. Os amigos eram a causa das maiores tristezas do garoto na hora de partir (e ele partia sempre).
"No mar você aprende que partir é triste e bom. Triste porque vai deixar os amigos, e bom porque pode conhecer outros."
No Brasil, ele já fez alguns. Conheceu também garotas. Isso, por sinal, foi o que mais impressionou o garoto no país.
"Nunca vi tanta mulher em nenhum lugar do mundo. Acho que aqui tem mais mulher que homem", arrisca.
Pode ser que tenha. Mas os olhos azuis de Wilhelm devem contribuir para a "fartura".

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