São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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EUA querem bloqueio contra Cuba

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O governo dos Estados Unidos ameaçou ontem Cuba com um bloqueio marítimo e reforço no embargo comercial à ilha caso o regime comunista de Fidel Castro não realize "reformas democráticas imediatas".
"Estas são as opções que temos caso Fidel Castro não adote movimentos legítimos em direção à democracia", disse ontem em entrevista à rede norte-americana ABC, Leon Panetta, secretário-geral da Casa Branca.
As ameaças foram feitas um dia depois de a Guarda Costeira americana ter registrado um número recorde de dissidentes cubanos fugindo em direção à Flórida e de o presidente dos EUA, Bill Clinton, ter anunciado novas restrições econômicas à ilha.
No sábado, 1.189 refugiados cubanos foram detidos pela Guarda Costeira no litoral da Flórida.
Até o início da tarde de ontem, outros 257 dissidentes estavam sendo recolhidos.
Mais de mil cubanos devem ser transportados de volta a Cuba ainda hoje, onde ficarão abrigados na base naval norte-americana de Guantánamo (leste da ilha).
A decisão de deter os refugiados foi tomada na sexta-feira passada e representou uma guinada na política que vigorava há 28 anos.
Desde 1966, o governo dos EUA concedia asilo político a todos os dissidentes cubanos.
Anteontem, o presidente Clinton anunciou que bloquearia por tempo indeterminado as transferências de dinheiro de cubanos vivendo nos Estados Unidos para seus familiares em Cuba.
As autoridades norte-americanas estimam que a economia de Cuba receba cerca de US$ 600 milhões por ano em dinheiro enviado dos Estados Unidos.
Foi anunciada também uma drástica redução no número de vôos regulares entre Miami e Havana. Além disso, Washington prometeu entregar às Nações Unidas provas de abusos dos direitos humanos em Cuba.
Os EUA esperam poder conter o êxodo de cubanos em direção à Flórida com as novas ameaças.
Elas não apenas restringem a liberdade e o futuro dos que tentam deixar Cuba como também oferecem expectativa de "reformas democráticas forçadas" aos que ficam na ilha.
O principal objetivo norte-americano é evitar a repetição da fuga de mais de 125 mil cubanos em direção à Flórida ocorrida em 1980 a partir do porto de Mariel.
Na ocasião, Fidel Castro permitiu a saída de milhares de pessoas insatisfeitas com seu regime e abriu um novo espaço para se manter no poder.

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