São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Obras

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique insiste que as denúncias são "ridículas" –como repetia ainda ontem, no rádio. Mas o governo Itamar abriu a semana com uma gana eleitoral, ao que tudo indica, incontrolável.
Os bilhetinhos, as centenas de milhares de casas populares, agora a intervenção direta do ministro da Fazenda, doando terrenos naquilo que o Aqui Agora tratou como um "plano de distribuição de renda".
Parece um esforço concentrado –o que o tucano bem que anda precisando, para enfrentar este momento de sua campanha, em que já ameaça parar de crescer.
Um esforço em que vale mais, não o Plano Real, que rendeu tudo o que podia, mas as "obras". Por coincidência, o programa tucano gastou o tempo todo, ontem, na apresentação do "plano de obras" e em elogios ao governo Itamar.
O primeiro impacto, entretanto, não está sendo dos melhores. Da manchete do Jornal Bandeirantes: "TSE investiga denúncias do uso da máquina administrativa na campanha presidencial de FHC."
Comunicador
Rubens Ricupero anunciou que volta à televisão, semana que vem, "no meu programa". É isso mesmo. Falta muito pouco para o comunicador ganhar um programa semanal, todo seu, como a Hebe.
Segundo o Jornal Nacional, ele agora vai "fazer campanha para baixar os juros" –a mais nova ameaça ao Plano Real. Como no programa da Hebe, toda semana tem atração nova, o ministro.
Vaivém
No Jornal Bandeirantes: "PT decide mudar de estratégia e ser mais otimista na campanha".
Agora que Lula começava a acertar, com um pouco mais de sinceridade no discurso, vem o partido e muda de novo. Vai mal o petismo, que assim caminha para a cisão –confirmado o fracasso.
As mudanças na "estratégia" da campanha são o melhor sinal. Há meses os petistas estão num vaivém entre o radicalismo de uma ala e o otimismo da outra.
Ontem estava lá a contradição.
Enquanto a campanha falava em otimismo, sindicalistas petistas prometiam na CBN um protesto contra a política econômica, para hoje, e os bancários exigiam um aumento de 116% para abrir o que foi denominado Setembro Negro.
Xuxa
Paulo Maluf, quieto na cidade, vai acumulando cacife eleitoral. Ontem no rádio, noticiaram que foi saudado como um ídolo por centenas de crianças na Bienal. O prefeito foi comparado a Xuxa.
Um cacife, porém, que só deve ter utilidade no fim da década. Maluf não transfere votos. Ontem na TV, precisou esforçar-se para explicar por que não tira de uma vez o apoio a Amin e Medeiros.

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