São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994 |
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Lula decide reduzir poder de radicais
CARLOS EDUARDO ALVES
O presidenciável indicou Paulo Vanucchi (seu assessor há muitos anos), Paulo Okamoto (amigo dos tempos de sindicalismo em São Bernardo do Campo) e Gilberto Carvalho (secretário do PT e um dos seus representantes nas discussões internas) para assumirem a coordenação política e operacional da campanha. Os três escolhidos por Lula vão trabalhar com o candidato, Aloizio Mercadante (candidato a vice), Rui Falcão (presidente do PT) e Luiz Eduardo Greenhalgh . Falcão e Greenhalgh fazem parte, respectivamente, das correntes de esquerda e extrema-esquerda do PT, que até ontem davam as cartas na coordenação da campanha, que é composta de 26 pessoas. O núcleo ligado a Lula tem agora 4 das 6 vagas da cúpula da coordenação. Antes, Falcão e Greenhalgh tinham somente a companhia de Mercadante (ligado a Lula) na hora de tomar as decisões. Antes da divulgação da notícia sobre a tomada da direção da campanha nas mãos de Lula, Falcão havia reagido ao que ainda era idéia do grupo mais próximo a Lula de mudar o comando eleitoral. "Quem elegeu essa coordenação foi o Diretório Nacional e não há mudança de composição interna no partido", afirmou o presidente nacional do PT. Tratava-se de um recado que os donos da máquina burocrática petista não estavam dispostos a ceder à corrente mais moderada do partido, que é ligada a Lula. O candidato estava cansado das inconclusivas e intermináveis reuniões da direção do partido para definir questões simples. Lula concluiu que se a tomada de decisões não fosse mais ágil não haveria chance de recuperar pontos perdidos nas pesquisas. Além disso, avaliou como fraca a organização existente até ontem na campanha. Lula tem repetido uma frase nas conversas com amigos: "Só tem campanha nos lugares em que eu e o Aloizio vamos." A partir da próxima semana, vão viajar para os Estados os membros da coordenação que não pertenceram ao núcleo que passa a deter as decisões. O trabalho é para monitorar as campanhas estaduais, integrando-as no esforço de tentar garantir o segundo turno contra FHC. O comportamento do grupo trotskista "Democracia Socialista", que tem dois membros entre os 26 da coordenação, também ajudou Lula a tomar a direção da campanha. A ala incentivou os petistas da Paraíba a desacatarem orientação da cúpula petista para a retirada da candidatura própria ao governo local, inviabilizando assim o apoio do senador Antônio Mariz (PMDB) a Lula. A avaliação do grupo mais próximo a Lula é de que a militância petista voltou a participar da campanha, mas que a falta de organização e de agilidade do comando da campanha estavam impedindo a recuperação eleitoral do candidato. Texto Anterior: Em debate, Lula chama FHC de 'chapa-branca' Índice |
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