São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Professores da Unicamp criticam corte nas despesas

ROBERTO CARDINALLI
DA FOLHA SUDESTE

Professores e diretores de departamentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) afirmaram ontem que as medidas de contenção de despesas, determinadas pelo reitor José Martins Filho, vão comprometer a qualidade de ensino e de pesquisa da instituição.
Em função de atraso na liberação de verbas por parte do governo estadual, Martins Filho baixou portaria anteontem reduzindo em 30% as compras de custeio, proibindo novas contratações e o fim das horas extras, entre outras ações.
Martins Filho está no Chile. A assessoria de imprensa da universidade negou que as pesquisas sejam afetadas porque, diz a assessora, a maioria dos estudos são realizados através de convênios e parcerias.
Somente nos últimos dois meses, o Estado deixou de repassar cerca de R$ 8 milhões para a universidade.
A Unicamp não estaria conseguindo fazer caixa para o pagamento até do 13.º salário.
Os diretores querem que a reitoria pressione o governador Luiz Antonio Fleury Filho.
No mês passado, o comprometimento com a folha de pagamento atingiu 99,33%. Normalmente os salários consomem 85% do orçamento - estimado em US$ 200 milhões (R$ 186 milhões) por ano.
O diretor do departamento de Biologia, Mohamed Habib, afirma que os cortes começarão a ser sentidos no início de setembro. "Os alunos vão ter dificuldade em desenvolver trabalhos."
Segundo ele, as pesquisas também serão prejudicadas. "O pesquisador necessita de materiais químicos e componentes indispensáveis'. No instituto são desenvolvidas cerca de 500 atividades nas áreas de genética, ambiental e anatomia humana.
A diretora da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), Helena de Freitas, prevê uma "queda brutal" na qualidade de ensino.
Para ela, a proibição de contratação de novos professores tende a levar a universidade ao colapso porque vários docentes estão prestes a se aposentar.
Helena diz acreditar que os professores vão se desmotivar. As condições de trabalho irão ficar ruim. Além disso, não existe perspectivas de aumento salarial".
O IFCH (Instituto de Filosofia e Ciência Sociais) já sofre com os cortes orçamentários para realização de eventos e o fim do pagamento das horas extras.
"Toda nossa atividade noturna está baseada no pagamento de horas extras de funcionários. Os eventos são nossas principais atividades", afirma o diretor da unidade, João Quartim de Moraes.
A Folha não conseguiu contato com a assessoria da Secretaria de Planejamento do Estado. Éneas Macedo, assessor do secretário José Fernando da Costa Boucinhas, não retornou as ligações .

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