São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresas apóiam parceria com Telebrás

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do governo de abrir o mercado de telecomunicações para investimentos privados, em parceria com o sistema Telebrás, foi bem recebida pelos empresários e vista como o início da quebra do monopólio estatal no setor.O grupo Itamarati (do empresário Olacyr de Morais) divulgou sua intenção de investir US$ 100 milhões em projetos nesta área, através da Itamarati Telecomunicações, registrada semana passada na Junta Comercial de São Paulo.
"Este setor é prioritário para nós e vamos participar da forma mais ampla possível", adiantou o presidente da nova empresa, Marcos Morais. Segundo o empresário, o interesse imediato do grupo é o lançamento de dois satélites, com participação minoritária da Telebrás.
A formação de parcerias entre as companhias estatais e o setor privado, para ampliação da rede telefônica e de transmissão de dados, foi aprovada pela direção da Telebrás na segunda-feira.
O governo só divulgou as diretrizes básicas para a formação de parcerias entre as empresas privadas e as 27 companhias telefônicas subsidiárias da Telebrás.
Nas últimas quatro semanas, os maiores fabricantes de equipamentos de telecomunicações foram chamados a Brasília para reuniões individuais com a cúpula da Telebrás e com o Ministério das Comunicações. Nestes encontros, eles foram consultados sobre sua disposição de investir no mercado.
O presidente da AT&T Network Systems do Brasil (associação da AT&T com o grupo Sharp), Antônio Rego Gil, diz que a abertura para as parcerias entre setor público e privado representa uma mudança "radical e irreversível" na postura do governo.
Segundo ele, a AT&T do Brasil vai participar das concorrência que forem feitas pelo sistema Telebrás. "Nosso interesse neste mercado é muito grande", disse Gil, sem especificar o volume de recursos que o grupo estaria disposto a investir no setor.
Como a Telebrás só divulgou, até agora, os princípios gerais de sua nova política, as empresas dizem que só poderão definir os projetos de seu interesse e os recursos que irão aplicar quando forem divulgados os editais de concorrência.
Os fabricantes de equipamentes dizem que tem interesse em se associar aos projetos porque entendem que é a única forma de aumentar sua produção no momento e ocupar a capacidade ociosa de suas indústrias.
A Pirelli, segundo seu diretor Ludgero Pattaro, tem hoje uma ociosidade de 50% em sua indústria de cabos e está disposta a participar de consórcios para instalação de redes de cabos de fibra ótica.
O presidente da NEC do Brasil, Giberto Garbi, disse que o documento aprovado pela direção da Telebrás é "capcioso" e deixa muitas dúvidas sobre a remuneração do investimento privado.
Na avaliação de Garbi, o grande mérito do documento aprovado pela Telebrás está no fato de que, pela primeira vez, ela admite que não dá conta de atender o mercado sozinha.

Texto Anterior: LEILÃO
Próximo Texto: Sindicatos fazem restrições
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.