São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994 |
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Traficantes se infiltram no Exército
RUI NOGUEIRA
A infiltração das quadrilhas foi levantada a partir de investigações das próprias Forças Armadas e P2, a polícia secreta da Polícia Militar. A maioria das armas de uso exclusivo dos militares é importada. A tática das quadrilhas foi revelada ontem pelo ministro-chefe do Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas), almirante Arnaldo Leite Pereira, e seu vice, o general de divisão Luciano Phaelante Casales. Casales revelou um caso ocorrido em 91, quando ele era comandante da Escola de Comando do Estado Maior do Exército no Rio. O melhor soldado era chefe de uma boca de fumo do morro Dona Marta (leia texto nesta página). As investigações das Forças Armadas e da P2 revelaram que as infiltrações também acontecem, em maior número, no Judiciário e entre os delegados de polícia. "A infiltração no Judiciário e entre os delegados visa ajudar a livrar o criminoso. O traficante não está preocupado em evitar o crime. Ele quer ajuda quando é preso e julgado", explicou Casales. A chefia do Emfa não soube dizer quantas armas são roubadas nos quartéis . "Quem tem os dados é o comando militar da área (Rio)", disse o ministro Arnaldo Leite Pereira. Para o ministro, a infiltração, o roubo de armas e a expulsão dos soldados das Forças Armadas não é "nem maior, nem mais grave" do que em outras instituições da área de segurança. "No recrutamento entre as camadas mais pobres pelas polícias Civil, Militar e Federal acontece o mesmo", disse Leite Pereira. A profissionalização das Forças Armadas não solucionaria o problema, segundo o ministro. "Os recrutas são importantes e alguns só têm atendimento social quando estão nas Forças Armadas", disse o ministro defendendo o recrutamento e a manutenção do serviço militar obrigatório. Nos últimos anos, as Forças Armadas vêm sendo mais rigorosas na seleção dos recrutas para posterior incorporação. Dos 1,2 milhão de jovens anualmente disponíveis para o recrutamento, cerca de 600 mil são selecionados. Pelas contas do ministro-chefe do Emfa, "apenas entre 80 e 100 mil, do total de 600 mil são incorporados, coisa de uns 10%". Próximo Texto: Polícia invade morro do Urubu Índice |
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