São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994
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7 de Setembro

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Na próxima quarta-feira, o Brasil comemora 172 anos de nação independente. E no mesmo dia, a equipe Benetton e seu piloto Michael Schumacher comparecem diante do Conselho Mundial da FIA para serem julgados.
Muitos historiadores garantem que o ato de dom Pedro às margens do Ipiranga não passou de puro teatro. O grito teria apenas servido para registrar a data na história, já que todas as partes interessadas estavam satisfeitas.
Algo parecido acontecerá em Paris? É provável. Para todos efeitos, a seriedade da F-1 terá que ser "reafirmada", ou seja, a alguém será designado o papel de bandido.
Max Mosley terá que quebrar a cabeça desta vez. Se por um lado o certo seria eliminar a Benetton do campeonato, deixar Damon Hill vencer o Mundial é ridículo.
O inglês é um piloto apenas mediano a bordo de um carro vencedor, mas de difícil acerto. Hill teria que ser Senna para fazer isso. Não é.
Pelo mesmo motivo, tirar o campeonato de Schumacher seria insano. O alemão é de longe o melhor da F-1 na atualidade. Redundando, Senna faz falta.
O problema é que a Benetton tem que ser punida. Ultrapassou os limites, mesmo sabendo que estava na mira. Como disse Harvey Postlethwaite, cabeça pensante da Tyrrell e um dos responsáveis pelo sucesso da McLaren nos anos 80, chegar no limite é fazer uma placa de madeira de 9 milímetros quando o certo seria ela ter dez.
O regulamento permite, mas poucos fariam. Fazer a placa com 7,4 mm é ultrapassar o mesmo limite e estar sujeito às sanções do regulamento.
A Benetton ultrapassou esses limites e deu oportunidade para os comissários da FIA fazerem a festa. Quem chega na frente está sempre sujeito a isso.
Barrichello, após ter feito a primeira pole de sua carreira em Spa, sofreu uma inspeção em seu carro "sem precedentes".
É certo que a perseguição a Benetton é muito mais acentuada, seja para deter o favoritismo do alemão, seja para frear a ambição de Flavio Briatore, que incomoda muita gente.
Piloto e equipe afirmam que não são os únicos a ultrapassar os limites. Estão absolutamente certos. Não foram os únicos a retirar o filtro do equipamento de reabastecimento, mas estão sem moral para acusações.
Resta esperar pelo grito da FIA neste 7 de Setembro. E perceber que a história se repete.

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