São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994 |
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Governo xifópago Pouco depois de o presidente Itamar Franco interromper o programa de privatização veio a público o assessor especial da Fazenda, economista Edmar Bacha, colocar no alto das prioridades nacionais a privatização intensiva. Enquanto o próprio ministro da Fazenda defende reformas na Constituição ainda em 94, especialmente no campo tributário, o mesmo Bacha diz que isso é secundário. Foi também nesta mesma semana que passou, quando veio a público a inflação oficial de agosto, o IPC-r de 5,46%, que o assessor da Fazenda declarou que a prioridade já não é mais a luta contra a inflação, mas a definição de rotas para retomar o crescimento. Independentemente da consistência que possam ter as declarações do economista, considerado o principal mentor do Plano Real, elas estão em confronto com as posições públicas do presidente da República e do ministro da Fazenda –sem falar no candidato do governo, Fernando Henrique Cardoso, que tem insistido na prioridade da reforma tributária. Há várias questões em jogo. Em primeiro lugar, se o Plano Real tem obtido um sucesso inegável, ao mesmo tempo é forçoso reconhecer que há dificuldades à frente –a menor das quais certamente não é a batalha das expectativas. Um país que se habituou a décadas de correção monetária não deve se dar ao luxo de acreditar na inflação zero da noite para o dia. É portanto cedo para comemorar, por mais legítimo que seja o acreditar. Há também, entretanto, uma questão mais ampla, de projeto de ajuste econômico. Nesse aspecto as cabeças do governo ainda parecem olhar cada uma numa direção. Privatização, abertura, reforma tributária e revisão constitucional são temas aos quais o governo tem dedicado mais retórica que ação. Ocorre que as várias cabeças estão conectadas a um mesmo corpo. E são raros os casos de seres que tenham conseguido sobreviver por muito tempo nessas condições. Texto Anterior: Ricupero sem censura Próximo Texto: Nem Custer nem Paiakan Índice |
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