São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994
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Desmame precoce, e não migração, pode ser causa de mortalidade em SP

CLÁUDIO CSILLAG
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Uma nova hipótese pode derrubar um dos mitos da demografia de São Paulo.
O aumento de 45% na mortalidade infantil na cidade entre 1961 e 1973 pode não ser consequência do fluxo de migrantes ou de variações no salário mínimo, mas da falta de aleitamento materno.
"Apesar de variações no salário mínimo, a renda real 'per capita' das pessoas não caiu", diz Carlos Augusto Monteiro, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo.
"Também não há evidências de um aumento na migração."
Monteiro e Hilda Zu¤iga, atualmente na Universidade do Chile, investigaram a evolução do hábito de amamentar em dois hospitais de referência de São Paulo, o Hospital das Clínicas e o Hospital do Servidor Público Municipal.
Eles investigaram os nascimentos ocorridos entre 1954 e 1985, através de amostras e entrevistas com as mães.
Pelos dados obtidos, concluíram que as mães tinham o hábito de amamentar os bebês até 1960.
A partir daí, houve uma queda na prática do aleitamento até 1974, período que coincide com o aumento na mortalidade de crianças entre um e cinco meses (veja gráfico ao lado).
A coincidência é sugestiva, pois a literatura médica indica que o desmame precoce está associado a diarréias, desnutrição e morte nos primeiros meses de vida.
Com a absorção pela comunidade médica e pela população da importância da amamentação, o hábito foi retomado. Ao mesmo tempo, a mortalidade infantil caiu.

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