São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994 |
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'Irei onde Lula quiser para expor meus planos'
GILBERTO DIMENSTEIN; SÔNIA MOSSRI
A seguir, os principais trechos da entrevista de Ciro Gomes à Folha, por telefone: Folha - O sr. não teme também ser acusado de usar o Plano Real em favor da candidatura de FHC? Ciro Gomes – Vou ser ministro da Fazenda do Brasil. Sei que vou ser vítima de acusações eleitoreiras, mas estou pronto para respondê-las, mostrando a isenção de nosso trabalho. Além disso, estou pedindo hoje (ontem) licença ao partido. Folha – O sr. espera o apoio de outros partidos na condução do Plano Real? Ciro – O combate à inflação depende da colaboração de todo país, incluindo os partidos políticos. Quero contar com a colaboração do PT que, tenho certeza, está preocupado com o país tanto quanto eu. A hora que Lula quiser, como qualquer outro dirigente partidário, basta me telefonar e irei onde ele quiser para expor os planos do ministério. Folha - Como o senhor vai lidar com este tipo de acusação de uso eleitoral do Estado? Ciro - O governo precisa demonstrar para a população que não há envolvimento na máquina por duas razões básicas: o presidente Itamar Franco não admite e o senador Fernando Henrique não aceita este tipo de comportamento e nem parece necessitar. Nós precisamos vigiar para que um ou outro mais açodado, dentro da estrutura do governo, não cometa a incoerência de fazer isto. Folha - O senhor acha que deve ficar na Fazenda num eventual governo FHC? Ciro - A minha missão é em nome deste valor, que é a preservação do plano econômico, é até o dia 31 de dezembro, com o presidente Itamar Franco. Folha – O sr. pretende fazer algum ajuste no plano? Ciro – Nada será alterado. Folha - Um dos atuais problemas que o Plano Real vem enfrentando é o aumento de consumo. O sr. pretende adotar alguma medida nesta área? Ciro - Estou atento à questão do aumento do consumo. Vou me inteirar das medidas em estudo para saber se e quando devemos aplicá-las. Por enquanto, não vejo nada de alarmante. Folha - A sobrevalorização do real não preocupa o senhor? Ciro - Eu não quero e não vou falar sobre câmbio e juros. Tenho minhas opiniões pessoais, mas agora não serão mais possíveis de serem expostas. A minha opinião agora é do governo. Folha- O sr. conversou com alguém da equipe econômica? Ciro - Não. Folha - O sr. é tido como uma pessoa de temperamento explosivo. O sr. não acha que pode ter problemas com a equipe? Ciro - Não creio. O que algumas pessoas chamam de temperamento explosivo é o hábito da franqueza. Acho que as pessoas devem pensar e dizer a mesma coisa. É claro que numa posição como esta, eu devo dizer muito menos do que eu penso. Tenho grande identidade com toda equipe. Sou amigo de todos eles. Texto Anterior: Itamar escolhe Ciro Gomes para Fazenda; PSDB domina economia Próximo Texto: Novo titular é amigo de FHC Índice |
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