São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994
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Novo ministro define privatização e safra como prioridades de governo

LUCAS FIGUEIREDO; FERNANDO GODINHO

LUCAS FIGUEIREDO
FERNANDO GODINHO
Sucursal de Brasília
O programa de privatizações, a venda dos estoques de café do governo e o financiamento da safra agrícola deste ano são as três prioridades já definidas pelo novo ministro da Fazenda, Ciro Gomes.
Ele se reúne na próxima sexta-feira com o presidente da República, Itamar Franco, no Rio, para discutir esses assuntos.
Ciro Gomes, 36, toma posse hoje como o sexto ministro da Fazenda no governo Itamar Franco.
Em entrevista exclusiva à Folha, Ciro Gomes defendeu um tratamento duro contra os empresários que aumentam os preços.
"Sou a favor que estes casos sejam exemplares", afirmou , considerando como "atentado ao interesse público" a formação artificial de preços e a especulação.
As mudanças no crediário estão descartadas, garantiu o novo ministro da Fazenda.
Ciro Gomes também criticou os juros altos. Para ele, "o melhor juro é o menor possível".
Ciro pretende equacionar os juros de modo que eles sejam "razoáveis para permitir a produção" e, ao mesmo tempo, evitem a "imprudência de provocar o consumo".
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Folha – Quais as diretrizes que o sr. recebeu do presidente Itamar Franco?
Ciro Gomes – Recebi a diretriz geral de dar continuidade à arquitetura básica do Plano Real. Precisamos vigiar para que os fundamentos do plano não se afrouxem.
Folha – O sr. já definiu prioridades?
Ciro – Temos que ter uma posição definitiva sobre o programa de privatização, resolver sobre a venda dos estoques de café do governo e agilizar os recursos para o financimento da safra agrícola, que precisam estar disponíveis neste mês.
Folha – Algumas empresas de Santa Catarina e de São Paulo reajustaram seus preços como consequência do dissídio salarial concedido aos seus trabalhadores. O que o sr. pretende fazer neste sentido?
Ciro – Não vamos admitir formação artificial de preços e especulação. Vamos entender isso como atentado ao interesse público. Estes casos únicos devem ser exemplares e os empresários devem ser chamados pelo secretário Dallari (José Milton Dallari, assessor especial de preços do Ministério da Fazenda), e dissuadidos de suas intenções.
Folha – Até quanto a inflação pode cair durante sua gestão?
Ciro – Nosso esforço é sustentar uma inflação tendente a zero.
Folha– O sr. participa da reunião com o FMI (Fundo Monetário Internacional), dia 29, em Madri, na Espanha?
Ciro– Estarei lá. Já autorizei que fosse formulado um material para fazer um juízo de valor, inclusive com o presidente. A informação é de que a frente externa vai muito bem.
Folha– É possível que a equipe econômica venha com medidas anti-consumo?
Ciro– Há um aquecimento do consumo nos extratos mais populares de renda. Isto nós saudamos como uma coisa muito boa. Estamos preocupados com as compras à prestação, a longos prazos. Mas não há razão ainda para susto.
Folha– O sr. acha que é preciso algum ajuste nas regras do crediário?
Ciro– Não. O compulsório dos bancos foi elevado, o que aperta um pouco o crédito.

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