São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994
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Crianças aprendem a lidar mais cedo com o computador nos EUA

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Crianças aprendem a lidar mais
cedo com o computador nos EUA
Minha filha Luísa, de seis anos de idade, ainda está aprendendo a ler e escrever. Mas já é capaz de ligar um dos computadores de casa, "carregar" um programa e passar algum tempo brincando com o Snoopy, o Mickey ou o Coelho Leitor.
Não se trata de um fenômeno individual. Nos Estados Unidos, a criançada está aprendendo cada vez mais cedo a lidar com a informática. O computador já é tão comum nas escolas como o quadro negro e o giz.
Em 1984 havia um computador para cada 125 estudantes americanos. Hoje a relação é de 14 alunos por um. A idéia de ter apenas um "laboratório" de informática, uma sala onde as crianças podiam conhecer o computador, já está ficando para trás. O objetivo agora é ter também pelo menos um terminal por classe, com as salas interligadas numa central.
As grandes companhias investem pesado porque o estudante de hoje é o consumidor de amanhã.
Pelo menos por enquanto, a Apple está na dianteira: dos 4,28 milhões de computadores nas escolas americanas, mais de 60% são dela. A IBM tem pouco mais de 20%.
A informática deixou de ser privilégio das escolas privadas. Na média, uma escola pública norte-americana tem de 21 a 50 microcomputadores.
Em algumas cidades, onde os pais têm poder de decisão no sistema educacional, os projetos de novas escolas incorporam computadores, CD-ROM, modem e linhas telefônicas para permitir que os estudantes se comuniquem on line.
Americano é exagerado. Costuma encarar a tecnologia como a solução milagrosa para todos os problemas. Computador na sala de aula não salva ninguém da ignorância. Mas pode facilitar a vida dos estudantes.
Em um mercado de trabalho em que o papel da informática é cada vez mais importante, quanto mais cedo a criança tiver intimidade com o computador, melhor.
Uso marginal
Por enquanto o uso das máquinas no ensino é apenas marginal, ou seja, os alunos fazem uma ou outra atividade diante do computador. A maioria dos professores ainda é da geração da máquina de escrever e não sabe –ou não quer– explorar todas as possibilidades das novas tecnologias. Mas as escolas mais sofisticadas não estão perdendo tempo.
Algumas estão se ligando a redes de computadores, como a Internet, permitindo que os estudantes consultem on line a biblioteca do Congresso, a maior do mundo. Uma grande vantagem, principalmente para quem mora a milhares de quilômetros de Washington.
Em geral, o objetivo das escolas é apenas familiarizar os alunos com o computador. Os estudantes de colegial, por exemplo, podem usar um programa de editoração para escrever, compor e imprimir o jornal da escola.
A garotada do ginásio pode fazer pesquisa numa enciclopédia ilustrada contida num CD. Para os mais novinhos há todo tipo de jogo para ensinar letras e números.
É natural que a indústria queira que nossos filhos virem infomaníacos o mais cedo possível.
Pais com medo que os filhos fiquem para trás são consumidores sem limites. Existe um debate sobre quando as crianças devem começar a lidar com o computador.
Já existem programas para crianças de 2 anos. Parece um exagero. Nessa idade, a interação com os pais e com outras crianças "educa" mais que o melhor software do gênero.
Mas as escolas daqui começam cedo. Na Public School 217, da Roosevelt Island, onde estuda a Luísa, as aulas de artes do pré-primário são dadas em Macintosh. É onde a criançada aprende a lidar com formas e cores.
Os computadores também ajudam na comunicação entre pais e professores. De posse do endereço eletrônico de Mrs. Kenfi, posso mandar recados para a professora da Luísa via modem. Pobre garotada. Nem aquela desculpa de perder o boletim vão poder usar mais, já que não demora e os pais poderão saber as notas dos filhos on line, direto no computador central da escola.

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